À margem de uma conferência de imprensa do PdL, em Milão, Daniela Santanchè, elemento do PdL muito próxima do “Cavaliere”, anunciou que o vídeo feito por Sílvio Berlusconi, figura de proa do PdL, “está pronto, e agora será Berlusconi a decidir quando o transmitir, sendo que eu julgo que é absolutamente iminente”.

Este vídeo será uma resposta, ou uma pressão por antecipação, aos senadores do PD que vão participar na reunião que decorrerá na próxima segunda-feira. Este encontro servirá para discutir a eventual expulsão de Berlusconi do Senado italiano, depois de conhecida a sua condenação, a quatro anos de prisão, por fuga aos impostos no caso Mediaset.

Citada pela “Reuters”, Santanchè defende que “pessoalmente não considero que possamos continuar junto de pessoas que querem ser os carrascos de Berlusconi. O futuro da coligação está claramente nas mãos do “Cavaliere”. De acordo com Santanché, deverá ser Berlusconi a decidir a eventual implosão da coligação que governa Itália.

Depois de conhecer a sentença dos tribunais, o antigo primeiro-ministro começou por defender a sua posição trazendo à colação a questão do Imposto Imobiliário (Imu). A não abolição deste imposto poderia servir de motivo para fazer cair o Governo. Porém, de acordo com as últimas notícias publicadas pela imprensa italiana, o PD de Enrico Letta, primeiro-ministro de Itália, tem trabalhado no sentido de convergir politicamente com esta pretensão do PdL.

Entretanto a possível expulsão de Berlusconi do Senado tem-se revelado dramática para Sílvio Berlusconi, anteriormente confiante de que a sua importância dentro do PdL, e a não menos importante manutenção da coligação governativa, o pudessem salvaguardar de um final político tão indesejado. A verdade é que vários senadores do PD poderão votar favoravelmente à expulsão do “Cavaliere”. Esta mensagem vídeo, a ser transmitida, provavelmente, num dos seus canais de televisão, poderá ditar a ruptura política com o PD e iniciar nova crise política.

O Presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, já demonstrou por diversas vezes, ao longo dos últimos meses em que a tensão tem permanecido de forma latente, que não pretende a convocação de novas eleições, assumindo clara preferência pela formação de nova coligação governativa, caso o Governo actual caia.

De acordo com o jornal “La Repubblica”, o líder dos senadores do PdL, Renato Schifani, lamenta “que não haja respeito pela aliança” e prevê uma “contagem decrescente para a crise”. Em São Petersburgo, em paralelo ao encontro do G20, Letta congratulou-se pelo facto de ser o “primeiro G20 em que Itália participa sem ser o supervisionado especial”, preferindo, desta forma, escusar-se a questões sobre a política doméstica. Também na Rússia, o ministro da Economia e Finanças, Fabrizio Saccomanni, acabou por reconhecer que “a incerteza política é um factor negativo relativamente à recuperação da confiança no crescimento económico [de Itália]”.