Notícia
UE escolhe chefe polaco contra vontade da Polónia
Os líderes europeus reúnem-se quinta e sexta-feira em Bruxelas, numa cimeira que deveria ser consagrada à avaliação da situação económica e à discussão do futuro da UE. O mandato de Tusk termina em 31 de Maio, o que torna possível um adiamento da decisão.
Numa situação inédita que poderá agravar as relações já tensas entre Bruxelas e Varsóvia, Donald Tusk, antigo primeiro-ministro da Polónia, deverá ser reeleito por mais dois anos e meio presidente do Conselho Europeu, o órgão político máximo da União Europeia (UE), à revelia do governo do seu próprio país que pôs na corrida ao cargo o eurodeputado Jacek Saryusz-Wolski, velho rival de Tusk, que é acusado de ser "o candidato da Alemanha" e de interferir abusivamente na política interna do país.
A decisão está nas mãos dos líderes europeus, que se reúnem hoje e amanhã em Bruxelas, numa cimeira que deveria ser consagrada à avaliação da situação económica e à discussão do futuro da UE.
O mandato de Tusk termina em 31 de Maio, o que torna possível um adiamento da decisão. Mas diplomatas de diversos países contactados pela agência AP davam a reeleição de Tusk como praticamente garantida, mesmo após a carta feroz dirigida ontem aos seus homólogos pela primeira-ministra polaca. Nela, Beata Szydlo acusa o ex-primeiro-ministro liberal de ter "violado brutalmente" a regra da "neutralidade política" necessária ao seu posto e de "envolvimento pessoal" num conflito político no seu país. Beata Szydlo não precisa, mas estará a referir-se a um discurso pronunciado em 17 de Dezembro em Wroclaw, onde Tusk apelou ao poder na Polónia para respeitar "a população, os princípios e os valores constitucionais".
O seu discurso ocorreu um dia após incidentes em Varsóvia, quando manifestantes impediram Beata Szydlo e Jaroslaw Kaczynski, líder do PiS, partido conservador nacionalista, no poder, de saírem do parlamento, enquanto deputados da oposição protestavam contra a aprovação controversa do Orçamento.
Várias velocidades, mas não no euro
O primeiro-ministro recusou, porém, o cenário de várias velocidades no seio da Zona Euro, que disse deve ser o quanto antes aprofundada, desde logo com um orçamento próprio para ajudar a responder a choques que possam afectar conjunturalmente algum dos seus países.