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UE "unida" promete resposta em 48 horas à oficialização do Brexit

O reeleito presidente do Conselho Europeu assegurou que a UE está "unida" e em condições de responder em qualquer altura à invocação do artigo 50.º pelo Reino Unido. Donald Tusk diz que em 48 horas a UE estará preparada para reagir à oficialização do Brexit.

Reuters
10 de Março de 2017 às 17:39
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A União Europeia (UE) assegura que está totalmente preparada para lidar com o processo relativo ao Brexit logo que o mesmo seja oficialmente activado com a invocação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, algo que o Reino Unido pretende fazer até ao final deste mês.

 

Donald Tusk - que esta quinta-feira foi reeleito presidente do Conselho Europeu com o único voto contra do seu país de origem, a Polónia – afiançou que "estamos bem preparados para todo o procedimento [do Brexit] e não tenho qualquer dúvida que estaremos preparados em 48 horas".

 

As declarações do dirigente europeu foram feitas esta sexta-feira, 10 de Março, numa conferência de imprensa que se seguiu ao encontro informal de dois dias dos líderes europeus (27, já excluindo a líder britânica Theresa May), realizado em Bruxelas. Oportunidade aproveitada por Tusk para garantir que um período de dois dias "é mais do que apropriado para reagir" à invocação do artigo que desencadeia a saída de um Estado-membro da União.

 

Também Enda Kenny, primeiro-ministro irlandês, acredita que 48 horas é tempo quanto baste para que Bruxelas possa preparar as linhas orientadoras para a negociação do Brexit.

 

Terminada a cimeira informal em que os líderes europeus discutiram e preparam aquilo que será o essencial da declaração de 25 de Março, quando se celebrarem os 60 anos do Tratado de Roma, que deram o tiro de partida para a comunidade europeia, precisamente na capital italiana, Angela Merkel também assegurou que a Europa está preparada para lidar com o Brexit.

 

Na mesma linha do que afirmara Tusk, em declarações aos jornalistas, a chanceler alemã disse que "não seremos apanhados de surpresa por uma carta que chegue num dia qualquer", assegurando que "estamos completamente preparados".

 

Merkel explicou ainda que aquando da formalização de início do processo da saída britânica da UE, os líderes europeus agendarão uma cimeira extraordinária com o objectivo de melhor definir o guião a adoptar pela Comissão Europeia na condução das negociações em torno do Brexit.

 

Já Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, espera que o Reino Unido possa regressar um dia à UE. "Não gostei do Brexit porque sempre gostei de estar no mesmo barco que o Reino Unido e espero que chegue o dia em que [Londres] volte a entrar no barco".

 

Contudo, admitindo as dificuldades inerentes à saída do Reino Unido, Juncker quis deixar uma mensagem de unidade, considerando que o Brexit "encoraja" os restantes países-membros a "continuar". Também Paolo Gentiloni, primeiro-ministro italiano, reconhece que vêm aí "negociações que não serão fáceis".

"Unidos na diversidade"

 

A duas semanas da cimeira de Roma, os líderes europeus procuraram neste encontro informal forjar posições comuns sobre o futuro do projecto europeu, isto depois de Juncker ter apresentado, na semana passada, os cinco cenários com que a UE se depara num momento de veloz transformação da ordem internacional.


Ao Brexit veio juntar-se um presidente americano (Donald Trump) com posições mais distantes relativamente à Europa, a que acresce o reforço de partidos populistas e eurocépticos um pouco por toda o Velho Continente, facto que agrava a apreensão tratando-se 2017 de ano com eleições na Holanda, França, Alemanha e, provavelmente, na Itália.

 

Também por isso Juncker, ao invés de apresentar respostas concretas para o futuro da União, foi obrigado a sugerir cinco caminhos para a UE prosseguir até 2025. A ideia que tem ganho força, especialmente depois da posição favorável assumida pelos quatro grandes (Alemanha, França, Itália e Espanha) acerca do projecto de uma Europa a várias velocidades. Ideia que também em Lisboa recolheu simpatia, já que parece difícil consensualizar um caminho de maior integração a 27.

 

O grupo de Visegrado (Polónia, Hungria, Eslováquia e República Checa) mostra-se reticente quanto à Europa a várias velocidades, por considerar que tal processo seria gerador de ainda maiores desigualdades entre os diferentes Estados-membros. A este respeito, Juncker frisou que a ideia não passa por criar uma espécie de "nova cortina de ferro entre o Leste e o Ocidente", notando que os cenários que constam do Livro Branco da Comissão pressupõem o ponto de partida de cada uma das hipóteses, sempre no pressuposto de que os 27 Estados-membros agirão enquanto uma "união". 

 

A dificultar ainda mais o objectivo de conferir maior unidade à União, a Polónia chegou a ameaçar boicotar esta cimeira informal se fosse reeleito Donald Tusk, ex-primeiro-ministro polaco e adversário interno do partido no poder em Varsóvia (PiS, Lei e Justiça). Tusk acabou por ser reeleito com apenas um voto contra… da Polónia.

 

Mesmo assim, no final desta cimeira a mensagem a passar era a de "unidade" entre todos. "A atitude [polaca] foi [hoje] muito mais construtiva", disse Donald Tusk. Ao que Angela Merkel acrescentou que "estamos todos unidos na diversidade". 

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