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Schäuble: Eurogrupo "está obrigado a aceitar as recomendações da Comissão"
O ministro das Finanças da Alemanha deixa antever que o seu país vai defender que sejam aplicadas sanções a Portugal e Espanha, uma vez que, diz, o Eurogrupo "está obrigado a aceitar as recomendações da Comissão."
"Penso que todos concordamos que temos de aplicar as regras que definimos para nós mesmos e que são suficientemente flexíveis", afirmou esta segunda-feira, 11 de Julho, Wolfgang Schäuble, em Bruxelas, citado pela Bloomberg.
"A Comissão fez uma recomendação e o conselho vai formar uma opinião sobre isso amanhã", afirmou. E, segundo as regras, "nós no Eurogrupo estamos obrigados a aceitar as recomendações da Comissão", acrescentou, sugerindo desta forma que a Alemanha vai apoiar a aplicação de sanções a Portugal e Espanha pelo não cumprimento das metas do défice.
Já no final de Junho, Schäuble assombrou Portugal quando sugeriu que o país poderia ser alvo de um segundo resgate, caso não cumprisse com as metas acordadas. "Portugal está a cometer um erro grave se não cumprir os compromissos assumidos". "Os portugueses não querem [um segundo resgate], e também não precisarão dele se cumprirem as regras europeias". Mas "têm de cumprir as regras europeias, caso contrário enfrentarão dificuldades", acrescentou o ministro.
E esta não é a primeira vez que a Alemanha toma uma posição mais dura em relação a Portugal e a Espanha. Ainda na semana passada, Guenther Oettinger, o comissário europeu indicado pela Alemanha, defendeu que a Comissão Europeia avançasse com uma proposta de sanções contra Portugal e Espanha. Caso contrário, poderá cair em descrédito, considera. "Se a Comissão Europeia quiser preservar a sua credibilidade sobre as regras orçamentais, temos de aprovar sanções contra Espanha e Portugal", adiantou o responsável ao jornal Bild.
Estas declarações foram proferidas uns dias antes da Comissão Europeia ter proposto a suspensão de fundos comunitários aos dois países.
Portugal e Espanha conhecerão hoje a decisão dos ministros das Finanças da Zona Euro e amanhã a posição dos ministros da União Europeia (Ecofin) sobre as sanções pela violação das metas do défice. No caso de Portugal, o país precisava de ter um défice igual ou inferior a 3% do produto interno bruto (PIB) no final do ano passado, o que não se verificou (ficou em 4,4% do PIB, em parte por causa do Banif).
Para saber o que está em causa, leia o texto que o Negócios preparou: 10 respostas para acabar com a confusão em torno das sanções.