Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Salvini impede navio com 400 migrantes de atracar em Itália e diz para ir para a Holanda

O ministro do Interior da Itália voltou a impedir que um navio com migrantes atracasse nos portos transalpinos e sugeriu que a embarcação se dirija para a Holanda. Salvini referiu-se aos cerca de 400 requerentes de asilo como "carga de seres humanos".

21 de Junho de 2018 às 17:29
  • ...

O vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini voltou a assumir uma posição de força ao impedir que o navio da ONG alemã Lifeline atracasse em portos transalpinos. De acordo com o La Stampa, o Lifeline havia resgatado entre 300 e 400 migrantes naufragados ao largo do mar líbio.

Através do Facebook, o também líder da xenófoba Liga e ministro do Interior teceu duras críticas à actuação daquela ONG considerando que esta, assim como outras, têm contribuído para concretizar os objectivos das redes de tráfico humano.

Salvini criticou ainda a actuação desta organização por não ter respeitado os alertas das guardas costeiras da Itália e da Líbia.

"Fizeram uma demonstração de força não ouvindo as indicações da guarda costeira italiana e líbia? Bom, esta carga de seres humanos levem-na para a Holanda, dêem uma volta maior", atirou o político ironizando com o facto deste país se ter mostrado "muito disponível ajudar a vossa generosidade".


O ministro revelou ter contacto a embaixada holandesa para esse efeito. Salvini  garantiu também que "as ONG não voltarão a atracar nos portos italianos", acusando a Lifeline de ter embarcado "224 migrantes ilegais à força nas águas líbias". Salvini avisou que não permitirá que "organizações de alegados voluntários ponha em perigo a vida dos que fogem da África para depois os desembarcar todos na Itália". 

Esta é uma espécie de repetição do impedimento, decretado há menos de duas semanas, de que o navio Aquarius atracasse na Itália, uma embarcação que acabou desviada para o porto de Valência depois de o novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter mostrado disponibilidade para acolher os migrantes que Roma havia rejeitado.

A Liga de Salvini foi o terceiro partido mais votado nas eleições gerais italianas de Março, tendo-se consagrado mesmo como a maior força da direita transalpina. Desde então, a Liga tem vindo a subir nas sondagens, havendo mesmo estudos de opinião que colocam o partido como o mais votado. A Liga formou em conjunto com o Movimento 5 Estrelas um governo anti-sistema em que um dos pontos do respectivo programa político passa precisamente pela restrição à entrada de migrantes no país.

Itália é um dos principais países de chegada ao espaço comunitário, a par da Grécia. A maior parte dos requerentes de asilo que chegam a solo italiano embarcam na Líbia, país que Salvini visitará nos próximos dias.

 

Merkel e Bruxelas recuam após ameaça de Roma

Entretanto, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte, revelou que a chanceler alemã Angela Merkel lhe telefonou para esclarecer o que, afinal, não terá passado de um mal-entendido.

Conte ameaçou não comparecer na mini-cimeira informal que decorrerá este domingo em Bruxelas entre alguns Estados-membros da União Europeia entre os quais a Alemanha e a Áustria, uma reunião para preparar o Conselho Europeu da próxima semana em que a política migratória será um dos pratos quentes da cimeira.


A ameaça de Conte surgiu depois de ter sido conhecido um documento de trabalho da UE que contemplava a possibilidade de os requerentes de asilo primeiramente registados noutros países poderem ser imediatamente devolvidos aos mesmos se tentassem entrar noutro Estado-membro da União.

Uma medida que é defendida pelo ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, e que já provocou uma crise no seio do executivo germânico. Na conversa telefónica entre os líderes da Itália e da Alemanha, Conte adiantou que Merkel terá explicado ter-se tratado de um "mal-entendido" garantindo que o documento de trabalho será revisto.  

Salvini quer que a UE adopte medidas que possibilitem uma distribuição mais justa dos requerentes de asilo pelo conjunto dos Estados-membros e Conte critica o facto de a Itália ter sido deixada sozinha a lidar com um problema que afecta o país como nenhum outro na Europa. Roma defende que as quotas de distribuição de refugiados devem ser aliviadas aos países de chegada.

Ver comentários
Saber mais Itália Matteo Salvini UE ONG Lifeline Holanda Pedro Sánchez Aquarius Giuseppe Conte Angela Merkel Migração Refugiados
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio