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Presidente do Bundesbank critica Renzi mas Governo italiano não tem medo

Jens Weidmann discorda das ideias de Matteo Renzi e nota que “mais dívida não garante crescimento”. Renzi já respondeu e recorda que o papel do banco central da Alemanha não é o de “participar no debate político italiano”. Governo de Itália não tem medo do Bundesbank.

Bloomberg
04 de Julho de 2014 às 14:24
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A intervenção de Matteo Renzi, primeiro-ministro de Itália, na passada quarta-feira em Estrasburgo, no arranque da presidência rotativa da União Europeia (UE), agora a cargo de Itália, já está a causar efeitos. No discurso perante os deputados do Parlamento Europeu, Renzi voltou a lembrar que o "pacto de estabilidade também é de crescimento" e que a própria Alemanha já incumpriu, quando necessitou, as metas estabelecidas pelo mesmo.

 

O presidente do banco central da Alemanha, Jens Weidmann, não concorda e já respondeu a Renzi. Esta sexta-feira, citado pelo La Stampa, Weidmann disse que "basta de propaganda, porque  mais dívida não garante crescimento".

 

Num tom que denota alguma ironia do líder da autoridade monetária alemã, Jens Weidmann disse que "Matteo Renzi considera que a fotografia da Europa é aborrecida e que sabe aquilo que devemos fazer", para logo acrescentar que "as reformas não podem ser apenas anunciadas, mas também concretizadas". O banqueiro alemão referia-se às reformas ao sistema político e da justiça que Renzi tem tentado levar a cabo em Itália.

 

Em entrevista ao Corriere della Sera na passada segunda-feira, Weidmann demonstrava a sua apreensão para a eventualidade de as perspectivas de Renzi e do Presidente francês, François Hollande, poderem colocar em causa o rigor orçamental defendido pela Alemanha.

 

Ainda em relação ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse esta quinta-feira rejeitar "o tema da flexibilidade" garantindo não ter "necessidade de estar preocupado com a flexibilidade dos tratados" porque tem "apenas de os cumprir tal como foram negociados".

 

No entender de Weidmann a situação não poderá ser tão má quanto parece até porque os juros das dívidas italiana e espanhola "nunca estiveram tão baixos".

 

O Governo de Itália responde a este conjunto de opiniões de forma clara e seca: "Se o banco central da Alemanha pensa causar-nos medo, talvez se tenha enganado no país. Seguramente enganou-se no Governo". 

 

Renzi quer mudar Itália, mas quer que sejam os italianos a fazê-lo

 

No discurso que marcou o arranque da presidência para este semestre europeu, Renzi voltou a insistir na importância, para o seu legado político, de mudar Itália. O político italiano quer mudar a Europa e aproximá-la dos cidadãos, mas sabe que antes terá de mudar os sistemas político e judicial italianos.

 

No entanto Renzi não pretende receber lições do estrangeiro. Foi precisamente essa a mensagem deixada esta sexta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

 

O chefe do Executivo italiano começou por garantir não existir "nenhum problema no relacionamento com Berlim", assumindo preferir "não comentar as declarações do presidente do banco central da Alemanha" porque se trata de uma "instituição independente".

 

Todavia o "político veloz" acabou por sublinhar que "o papel do Bundesbank é o de assegurar o seu próprio objectivo estatutário, não o de participar no debate político italiano".

 

O recado não ficou, no entanto, por aqui. "Em relação ao trabalho do banco central da Alemanha, quando houver a vontade de conversar connosco será bem-vindo, partindo do pressuposto de que a Europa pertence aos cidadãos e não aos banqueiros alemães ou italianos". A onda de Renzi parece agora ter chegado à Europa.

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