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Parlamento Europeu reforça orçamento para refugiados em 1.200 milhões de euros

A proposta de orçamento da União Europeia para 2016 foi aprovada esta manhã pela Comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu. Os eurodeputados acrescentaram 2,8 mil milhões de euros, sendo que 1,2 mil milhões são dedicados em exclusivo à crise de refugiados.

Reuters
29 de Setembro de 2015 às 14:45
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Os eurodeputados reforçaram o orçamento da União Europeia com 1,2 mil milhões de euros para lidar com a crise de refugiados e migrantes que se vive na Europa. Este é o valor que acresce ao proposto pela Comissão Europeia e que agora terá de ser negociado com o Conselho Europeu. O eurodeputado português José Manuel Fernandes, que lidera a Comissão dos Orçamentos, espera que o Conselho "não seja incoerente" na aprovação destes montantes.

 

O orçamento da UE para 2016 foi proposto pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu, que fez diversas emendas para o alterar. Falta a aprovação em plenário. Depois, o documento segue para o Conselho Europeu, que irá negociar com os eurodeputados o seu valor final.

 

Esta terça-feira, o documento foi aprovado na especialidade e terá um valor global de 157,4 mil milhões de euros. O acréscimo face ao que foi proposto pela Comissão é de 2,8 mil milhões, grande parte dos quais destinados a financiar o combate à crise de refugiados. "O orçamento da UE tem de estar à altura dos desafios da União e responder às urgências", e "a Europa enfrenta uma situação grave, urgente e excepcional, que exige um financiamento adicional", no valor de 1,2 mil milhões de euros.

 

Ao Negócios, o eurodeputado explicou em que consiste este financiamento. "Vamos reforçar o financiamento destinado ao primeiro pacote de refugiados (40 mil), que propôs 150 milhões de euros. Esse pacote não previa uma verba para o transporte de cada refugiado. Vamos acrescentar 500 euros por cada um, pelo que o financiamento global sobe 20 milhões". Esta foi uma emenda do próprio José Manuel Fernandes.

 

O segundo pacote de medidas de apoio aos refugiados, que propunha a recolocação de 120 mil pessoas, tem um financiamento de 780 milhões de euros, calculado através da atribuição de seis mil euros por cada pessoa, a que acrescem 500 euros para transporte. "O Conselho Europeu tinha cortado alguns instrumentos importantes para esta crise das migrações, e nós temos que ver este problema com solidariedade interna e externa", afirma.

 

O resto do aumento de financiamento será destinado a "reforçar os fundos, os programas e as agências que actualmente lidam com a crise da migração", como a Frontex. "Aumentámos os valores e o pessoal", esclarece José Manuel Fernandes.

 

Este acréscimo de verbas para lidar com a situação dos refugiados e migrantes "não prejudica as outras prioridades" da União Europeia, porque "há a possibilidade de utilizarem instrumentos de flexibilidade que, ao mobilizar verbas de excedentes e que servem para imprevistos, não diminuem os valores gerais do orçamento".

 

"O Conselho actua com incoerência"

 

O orçamento da UE vai agora ser discutido em plenário, uma etapa em que a aprovação está garantida, antecipa José Manuel Fernandes. Depois, segue-se a conciliação com o Conselho Europeu, o órgão que reúne os chefes de Estado e de Governo da UE, com o qual haverá uma "negociação dura e violenta, como é habitual", prevê José Manuel Fernandes.

 

No ano passado, a aprovação do orçamento de 2015 estendeu-se durante vários meses depois de o Parlamento Europeu e o Conselho terem demorado a chegar a acordo sobre o documento. E nesta questão dos refugiados, as conversações podem ser delicadas. O eurodeputado português espera que os actos acompanhem as palavras deste órgão.

 

"O Conselho faz muitas proclamações, prega muita solidariedade, mas depois actua com incoerência e contra aquilo que proclama", acusa. "Espero que o Conselho respeite os montantes que são necessários [para líder com a crise de refugiados], porque temos obrigação de fazer face a esta situação", remata.

Recorde-se que a 23 de Setembro, os chefes de Estado europeus comprometeram-se a doar mais mil milhões de euros aos países vizinhos da Síria e às agências das Nações Unidas que apoiam refugiados.

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