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Merkel sobre crise dos refugiados: "Se pudesse, voltava muitos anos atrás"
A chanceler alemã assumiu a "parte da responsabilidade" que lhe cabe na derrota nas eleições regionais de Berlim - que deu a entrada à extrema-direita na assembleia regional - e mostrou abertura para reponderar a estratégia de combate à imigração ilegal.
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No rescaldo do desaire nas eleições deste domingo para o Estado de Berlim, em que a CDU obteve o pior resultado desde os anos 90 devido a críticas sobre a gestão da crise de refugiados, a chanceler alemã Angela Merkel assumiu parte da responsabilidade pelos resultados e admitiu que, se pudesse, voltava "muitos anos atrás" para preparar melhor a recepção dos imigrantes.
"Assumo a parte da responsabilidade que me cabe enquanto líder do partido [CDU] e chanceler. (…) Se eu pudesse, voltava muitos, muitos anos atrás," afirmou esta segunda-feira, 19 de Setembro, citada pela Reuters, referindo-se às condições que permitiram a entrada maciça de refugiados no país.
Quando confrontada com uma sondagem que dá 82% dos inquiridos a pedir uma mudança de política na recepção aos refugiados, a líder alemã contrapôs que, se soubesse que as pessoas queriam uma mudança de política, "estaria pronta a analisá-la e a falar sobre isso (…) se soubesse que mudança é que as pessoas querem". "As sondagens não dão nenhum sinal sobre isso," salvaguardou.
O parceiro de coligação, Horst Seehofer, líder da CSU – que defende um limite anual de 200 mil refugiados a entrar no país -, afirmou no entanto que os alemães não querem ouvir desculpas relacionadas com o passado. "Não ajudam," afirmou. "Precisamos de respostas para o futuro próximo e para os anos que vêm, é o que as pessoas esperam," disse.
Já Merkel disse que se o povo alemão pretende soluções para que o país não seja invadido por imigração incontrolada, "então é exactamente por isso que eu estou a lutar."
As críticas à gestão da crise – uma estratégia de "portas abertas" aos que fugiam de conflitos no Médio Oriente - foram um dos trunfos eleitorais que permitiu à extrema-direita da Alternativa pela Alemanha (AfD) entrar na assembleia regional de Berlim, contribuindo também para a derrota dos democratas-cristãos da CDU na capital alemã, com o pior resultado desde os anos 90.
Apesar de se dizer ainda motivada para concorrer a um quarto mandato nas eleições federais do próximo ano, Merkel não quis hoje comprometer-se com essa possibilidade.