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May cancela votação de acordo sobre o Brexit para evitar derrota

Segundo a Bloomberg, perante a perspectiva de uma pesada derrota na votação marcada para esta terça-feira, a primeira-ministra terá decidido cancelar o voto parlamentar ao acordo alcançado entre Londres e Bruxelas sobre os termos da saída britânica da UE.

EPA
10 de Dezembro de 2018 às 11:47
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A primeira-ministra Theresa May terá decidido cancelar a votação do acordo que enquadra juridicamente o Brexit e que estava prevista para esta terça-feira no parlamento britânico, avança a agência Bloomberg com base numa fonte conhecedora do processo. 

Perante uma muito provável rejeição dos termos da saída britânica da União Europeia pela Câmara dos Comuns, dada a oposição de trabalhistas, liberais-demcoratas, unionistas irlandeses, nacionalistas escoceses e de parte relevante do próprio Partido Conservador de May, a primeira-ministra deverá ter optado pelo adiamento da votação. Ainda de acordo com a fonte citada pela Bloomberg, a confirmar-se a decisão da primeira-ministra do Reino Unido, deverá ser reagendado o voto parlamentar. 

No entanto, é muita a incerteza em torno do processo do Brexit. Isto porque, segundo revela a imprensa britânica, Theresa May continua a auscultar os principais ministros do seu governo e poderá ainda ser convencida a levar por diante a votação.

A líder dos "tories" iniciou esta manhã uma ronda de conversas com o respectivo Executivo para dar a conhecer aos seus ministros as conclusões das conversações que manteve ao longo do fim-de-semana com diversos dirigentes europeus, nomeadamente a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, e ainda os primeiros-ministros da Irlanda e da Holanda, Leo Varadkar e Mark Rutte, respectivamente. 

Entretanto, o The Guardian revela que deputados trabalhistas já confirmaram a informação de que May irá ainda hoje fazer uma comunicação na Câmara dos Comuns a partir das 15:30 em Londres (mesma hora em Lisboa). 

 
Theresa May continua a acreditar que o acordo em cima da mesa é o melhor possível, adiantou uma porta-voz da primeira-ministra. Esta porta-voz fez ainda declarações no sentido da impossibilidade de renegociação do acordo que estabeleceu os termos do divórcio entre Londres e Bruxelas, deixando, porém, indicações que admitem como possibilidade real a renegociação da declaração política sobre a relação futura entre os dois blocos. Este segundo acordo "é uma parte completamente distinta" do acordo, afirma a porta-voz de May.

A Comissão Europeia, através da porta-voz Mina Andreeva, veio esta manhã reiterar que para Bruxelas "este acordo é o melhor e único possível", não havendo margem para qualquer renegociação. Já o The Guardian escreve que Theresa May poderá ter conseguido que a UE aceite alterar a não vinculativa declaração política que define a relação pós-Brexit para termos mais facilmente aceitáveis pelos "hard brexiters" do Partido Conservador.

Contudo, os "tories" que defendem um corte mais acentuado na relação Londres-Bruxelas opõem-se sobretudo ao mecanismo de salvaguarda ("backstop") encontrado para impedir o restabelecimento de uma fronteira física entre as duas Irlandas, sendo que este "backstop" surge no acordo vinculativo de saída da UE e não na declaração política. 

A oposição, do Partido Trabalhista aos nacionalistas escoceses (SNP), já veio defender que este possível adiamento da votação do acordo para o Brexit mostra um governo derrotado e incapaz de continuar a liderar este processo. 


Também nos mercados cambiais se fez sentir este novo contratempo relacionado com o Brexit, com a libra a recuar 0,72% face ao euro e a cair para mínimos de Junho de 2017 contra o dólar. 

Ao início desta manhã, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) confirmou que, caso assim o pretenda, "o Reino Unido pode revogar unilateralmente a notificação da sua intenção de abandonar a União Europeia". No entender da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, esta decisão do TJUE abre a porta à realização de um novo referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.

(Notícia pela última vez às actualizada às 13:00)
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