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May admite adiar Brexit em alternativa a saída sem acordo

Os deputados britânicos vão ter de escolher entre o acordo de saída negociado com Bruxelas e já chumbado pela Câmara dos Comuns, o adiamento do Brexit ou uma saída da União Europeia sem acordo.

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A primeira-ministra britânica admitiu pela primeira vez esta terça-feira a possibilidade de adiar a saída do Reino Unido da União Europeia, dando aos deputados três opções: ou aprovam o acordo de saída já negociado com Bruxelas, ou o adiamento do Brexit ou uma saída desordenada da União Europeia.

 

A imprensa britânica já dava conta esta manhã que Theresa May estava disponível para adiar a saída da União Europeia. A primeira-ministra confirmou esta opção, tendo anunciado que será esta a alternativa caso chumbem um Brexit sem acordo.

Theresa May anunciou no Parlamento a sequência de votações que vão decorrer e que provavelmente vão determinar o adiamento da saída do Reino Unido da UE.

 

A 12 de março os deputados britânicos vão votar o acordo que May alcançou com a União Europeia e que, em janeiro, mereceu um chumbo estrondoso no Parlamento. Os líderes europeus têm repetido que não vão alterar o conteúdo deste acordo fechado com o governo britânico, pelo que o mais provável é que este volte a ser chumbado no Parlamento.

 

Neste cenário, os deputados são chamados a nova votação no dia seguinte. A 13 de março irão deliberar sobre uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia a 29 de março sem acordo. É o chamado "hard Brexit", ou saída desordenada, que apesar de ter adeptos no Parlamento britânico tem, à partida, chumbo garantido. Os parlamentares já votaram recentemente uma emenda que exclui a possibilidade de saída sem acordo.

 

Assim, a votação que interessa deverá acontecer a 14 de março. Nesse dia os deputados britânicos vão votar sobre um "curto adiamento" do Brexit (que não deverá ir além do final de maio, para o Reino Unido ficar de fora das eleições europeias) .

 

May tinha insistido que adiar o Brexit não era solução, usando o trunfo da falta de tempo até 29 de março para conseguir concessões por parte da União Europeia. Mas os líderes europeus não cederam um milímetro face ao que está inscrito no acordo fechado com May, deixando a primeira-ministra sem alternativas a reconhecer mais uma derrota neste conturbado processo, ao aceitar uma alternativa para a qual não estava antes disponível.

 

"O Reino Unido só vai sair [da União Europeia] sem um acordo a 29 de março se tiver um consentimento explícito do Parlamento nesse sentido", disse May, esclarecendo contudo que uma extensão do prazo para o Brexit não "retira de cima da mesa a possibilidade de um não acordo".

Apesar de abrir agora a porta a um adiamento do Brexit, May reiterou que não é favorável a esta opção. "Deixem-me se clara – não quero a extensão do artigo 50. O nosso foco absoluto deve ser trabalhar para alcançar um acordo e sair [da União Europeia] a 29 de março".

 

May também avisou que uma extensão do Brexit só poderá acontecer uma vez e que o seu governo deverá honrar a decisão de abandonar a União Europeia, pois é a democracia no Reino Unido que está em jogo.

 
As primeiras reações às novidades anunciadas por May foram favoráveis. "Se for submetido um pedido de adiamento do Brexit, será considerado favoravelmente", disse uma fonte da UE citada pela Reuters. Outro responsável, citado pela mesma fonte, adiantou que "é bom ouvir argumentos razoáveis" do lado britânico.

Corbyn apoia segundo referendo

 

Durante o fim de semana foi noticiado que em Bruxelas haveria disponibilidade para dar mais dois anos a Londres. Contudo, o prolongamento do prazo de saída será desafiante para ambos os lados. Por um lado, Bruxelas veio logo desmentir a notícia, referindo que primeiro o Reino Unido tem pedir o adiamento e depois este terá de ser aceite por todos os Estados-membros. 

Por outro lado, em Londres, May poderia reverter as demissões dos ministros que se recusam a sair da UE sem acordo, mas também arriscaria ter à perna os mais eurocéticos do Partido Conservador. A primeira-ministra terá agora de lidar também com uma mudança de posição por parte da oposição.

O líder trabalhista decidiu apoiar um novo referendo para evitar uma saída caótica. Caso não consiga convencer Theresa May a negociar um acordo onde as relações entre o Reino Unido e a União Europeia sejam mais profundas, Jeremy Corbyn vai apoiar a realização de um segundo referendo. Ambas as hipóteses têm sido rejeitadas pela primeira-ministra.  

Tanto a abertura de May para um adiamento como a de Corbyn para um segundo referendo terão o efeito de soar alarmes junto dos políticos pró-Brexit. A Bloomberg escreve que a primeira-ministra poderá usar esse medo de reversão do Brexit para colher apoios para o acordo que o atual Governo conseguiu junto de Bruxelas.

Ontem Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, órgão que reúne os chefes de Estado da União Europeia, disse que adiar o Brexit era a decisão mais "racional".

 
(notícia atualizada às 13:40 com mais informação)

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