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30 anos de Portugal na Europa servem para apelos ao reforço da União
Entre elogios a Portugal, o presidente do Parlamento Europeu confessou esta sexta-feira, durante a cerimónia do 30.º aniversário que marca a adesão de Portugal à União Europeia em Belém, que a Europa precisa de redefinir o seu caminho.
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A celebração partiu ao som das notas da Orquestra Clássica Metropolitana, que fez ecoar nas paredes pintadas em luzes em tom de azul da sala do antigo refeitório do Mosteiro o hino nacional, que antecipou o quarto movimento da 9.ª sinfonia de Beethoven: o hino da Alegria, que foi adoptado como símbolo da União Europeia.
Na primeira fila, Ferro Rodrigues, que à data da adesão de Portugal ao projecto europeu era convidado por Mário Soares, o primeiro-ministro que assinou a entrada de Portugal na União Europeia, a integrar as listas do PS como independente, separava o primeiro-ministro, António Costa, do, ainda, Chefe de Estado, Cavaco Silva. São Bento e Belém, com a Europa ali ao lado, pela representação do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
Na sala, o antigo Alto Comissário da ONU para os Refugiados e ex-primeiro-ministro português, António Guterres, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o ex-Presidente Jorge Sampaio, o deputado Luís Montenegro, a ex-ministra Assunção Cristas, Mário Centeno, ministro das Finanças, Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, entre outros membros do Governo e da história política portuguesa enchiam a sala, aguardando os discursos, com o primeiro-ministro a ser o primeiro a usar a palavra.
Para Costa, a posterior adesão de mais 16 países é "um sinal claro da capacidade de atracção e da vitalidade do projecto europeu", não afastando, no entanto, "uma reflexão sobre o presente e um olhar sobre o futuro". Mas alerta: "as ameaças ao modelo e projecto europeu recomendam mais, e não menos Europa".
"Portugal deve afirmar-se como um agente activo das políticas europeias e não como simples beneficiário passivo dessas políticas". O primeiro-ministro apelou ainda que se abandone "a Europa das chancelarias" e que se parta para a "Europa dos cidadãos".
Já Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro de Portugal, ressalvou que a Europa "conta e não está em decadência", apesar das dificuldades que enfrenta e das críticas, que considerou infundadas, das forças anti-europeístas, mas também de governos nacionais. O antigo primeiro-ministro acredita que alguns pretendem fazer da Europa "bode expiatório das frustrações e insuficiências de políticos de curtas vistas" e fazem "uma idealização do passado", omitindo que falam de um passado sem liberdade e de "nacionalismos exacerbados", recordando as duas guerras mundiais que a Europa viveu.
"Precisamos de uma Europa melhor"
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, reconheceu que a "Europa precisa certamente de ajustamentos e alterações", mas acredita que "aqueles que dizem aos seus povos que precisam de menos União Europeia e de mais renacionalização - como os governos da Hungria e da Polónia - negam o facto de que os desafios globais não podem ser resolvidos pelos Estados sozinhos". "O que é necessário é cooperação europeia", defende.
Schulz lamentou que as "novas gerações" estejam "a pagar com as suas oportunidades na vida por uma crise que não criaram" e reconhece que "precisamos de uma Europa melhor", que, "como os navegadores portugueses, deve calibrar a sua rota".