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Kirsty Hayes: "Nada vai mudar para as pessoas nos próximos dois anos"

Em entrevista ao Negócios, Kirsty Hayes, embaixadora do Reino Unido em Lisboa, diz que a prioridade neste momento é tranquilizar pessoas e mercados.

Bruno Simão/Negócios
25 de Junho de 2016 às 10:00
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Que instruções recebeu de Londres para gerir este "day-after"?

Como o primeiro-ministro David Cameron disse esta manhã, a nossa prioridade é respeitar a vontade do povo britânico, mas também tranquilizar as pessoas e os mercados internacionais. Essas são as instruções que temos e que estamos a seguir.

 

David Cameron disse que se demitirá em Outubro e que será o seu sucessor a formalizar o pedido de saída, ao passo que a UE pediu hoje rapidez para que, o quanto antes, se clarifique o novo quadro de relações. Porque é que David Cameron não tem pressa?

A preparação do processo negocial que irá seguidamente ser aberto com a União Europeia é tema das reuniões que terão lugar na próxima semana em Bruxelas. Em relação a isso, o nosso entendimento é que, o mais importante, é permanecer sereno e seguir um processo bem estruturado.

 

O Reno Unido sempre foi um Estado-membro especial. Acha que será doravante um país associado também especial?

Esse vai ser obviamente o tema central das negociações que serão iniciadas depois de invocado o artigo 50 dos Tratados. Embora não possa especular sobre a substância, porque ainda é cedo e porque entrámos num terreno novo, tenho a certeza de que o relacionamento vai continuar a ser especial com a UE e com Portugal. Com Portugal temos a aliança mais antiga do mundo, um relacionamento muito intenso em termos de negócios e nos domínios sociais e culturais, e devo salientar que fiquei muito grata com as palavras do primeiro-ministro e do Presidente da República quando ambos disseram querer uma abordagem construtiva nas negociações que se seguem e o prosseguimento da nossa aliança.

 

Como escocesa, teme que o resultado deste referendo possa ter posto em perigo o próprio Reino Unido?

Não vou especular sobre esse assunto, mas posso deixar claro que é intenção do governo britânico assegurar-se de que os governos regionais vão ter um papel central nas negociações em Bruxelas sobre o pós-UE.

 

O que acontece agora aos portugueses que estão ou pensam ir viver para o Reino Unido? Continua tudo igual, incluindo o acesso ao serviço nacional de saúde?

É muito importante sublinhar que nada vai mudar no curto prazo, ou até num prazo mais longo. Durante os próximos dois anos, ou até mais, o Reino Unido continua com todas as responsabilidades e direitos como qualquer outro Estado-membro, pelo que, tanto para os portugueses que estão no Reino Unido como para os britânicos que estão aqui, a situação continua exactamente como era ainda ontem. Para trabalhar, para viver, para viajar, tudo continua igual. Não posso especular sobre como será a situação daqui a dois anos porque esse vai ser um tema central nas negociações, e naturalmente que o governo português defenderá então os interesses dos portugueses como o britânico fará em relação aos seus nacionais.

 

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