Apesar de as negociações sobre o Brexit terem chegado a um impasse no domingo, a primeira-ministra britânica continua optimista. Theresa May diz que a União Europeia e o Reino Unido não estão "de costas voltadas" e que não se pode permitir que a falta de entendimento relativamente à fronteira entre as Irlandas leve a um não acordo entre os dois lados.  

"As pessoas estão preocupadas, e com razão, que aquilo que é suposto ser temporário se torne num limbo permanente", disse a primeira-ministra britânica no Parlamento, esta segunda-feira, 15 de Outubro.

Theresa May referia-se à exigência de Bruxelas respeitante ao chamado "backstop" (uma espécie de mecanismo de salvaguarda) para a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, à qual a primeira-ministra pede maior flexibilidade. No fundo, trata-se de uma cláusula impeditiva do estabelecimento de controlos rígidos na fronteira entre as duas Irlandas.

Apesar das reticências relativamente a esta questão, que levou as negociações a chegarem a um impasse no domingo, a primeira-ministra disse esta segunda-feira que o Reino Unido e a União Europeia não podem permitir que "esta falta de entendimento faça descarrilar um bom acordo" ou que leve mesmo a que não seja possível chegar a um acordo.

A primeira-ministra referiu ainda que o "Reino Unido e a União Europeia não estão de costas voltadas". "Estamos a entrar na última fase destas negociações", disse May ao Parlamento, referindo que é preciso ter a "cabeça fria" para se resolverem as restantes questões.

Merkel: "O tempo está a acabar"

Foi no domingo que as negociações sobre o Brexit chegaram a um impasse, depois de não ter sido possível chegar a um consenso sobre algumas questões, nomeadamente a Irlanda. "Apesar dos esforços intensos, algumas questões chave ainda estão abertas", revelou Michel Barnier, o responsável europeu pelo dossiê.

Isto já levou a chanceler alemã, Angela Merkel, a afirmar que "o tempo está a acabar" relativamente a este acordo. "Estamos muito esperançosos de que vamos conseguir, mas neste momento parece mais difícil, especialmente com a questão sobre a Irlanda e a Irlanda do Norte" por resolver.

"Queremos, claro, uma saída ordenada do Reino Unido da União Europeia, mas não a qualquer preço" e não à custa do mercado único, disse a responsável num discurso em Berlim. "Temos 90% do acordo concluído, mas apenas com 100% é que teremos um acordo. Por isso, ainda há trabalho a fazer", rematou.

Bruxelas também já deu um prazo de 24 horas para o Reino Unido definir uma posição relativamente ao Brexit. Ou seja, antes da cimeira entre os 28 líderes do bloco, na quarta-feira.