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Governo grego convoca referendo sobre propostas dos credores

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, vai convocar um referendo para serem os gregos a decidir a proposta feita pelos credores, de quem continua a dizer que recebeu um ultimato. O referendo deve realizar-se a 5 de Julho, pelo que vai pedir uns dias adicionais na extensão do prazo.

17 de Junho – Tsipras numa conferência com o chanceler austríaco Werner Faymann “O Governo grego, eleito recentemente pelo povo, arcará com o custo de levar a cabo este difícil acordo. Caso contrário, vamos assumir a responsabilidade de dizer 'o grande não'”.
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A reunião do Governo grego terminou com Alexis Tsipras a anunciar que vai convocar os gregos para decidirem, em referendo, as medidas propostas pelos credores.

O referendo decorrerá a 5 de Julho, o que obriga a Grécia a pedir uns dias extra no resgate. Isto porque o actual programa terminaria a 30 de Junho, próxima terça-feira.

Para que possa realizar o referendo, Tsipras garante que vai pedir aos credores a extensão "por alguns dias" do resgate, tendo já informado dessa decisão a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente do BCE, Mario Draghi, e o presidente francês, François Hollande.

Numa declaração ao povo grego, o primeiro-ministro grego continua a falar de ultimato por parte dos parceiros do Eurogrupo e de condições propostas incomportáveis para o seu Governo. 

"As propostas, que violam claramente as regras europeias e os direitos fundamentais de trabalho, igualdade e dignidade, mostram que o propósito dos parceiros e das instituições [BCE, FMI e Comissão Europeia] não é um acordo viável para todas as partes, mas possivelmente a humilhação de um povo", declarou dirigindo-se à nação grega. 

 

O Syriza vai apelar ao povo grego para que vote "não" no referendo, ou seja, para que não aceite o acordo com os credores internacionais, disse à Lusa fonte oficial do partido. Nikos Pappas, ministro de Estado e assistente sénior de Tsipras, declarou - citado pela Reuters - estar convicto de que os gregos votarão pelo ‘não’ no referendo. 

 

À saída do conselho de ministros de emergência em Atenas, alguns governantes disseram, citados pelo The Guardian, que não apoiarão as "medidas bárbaras" que estão a ser apresentadas à Grécia pelos seus credores estrangeiros. O ministro grego do Desenvolvimento, Panagiotis Lafazanis, declarou que instará o seu povo a votar contra o resgate, acrescentando que os gregos responderão com um "rotundo não" no referendo.


Recorde-se que Alexis Tsipras esteve com os líderes europeus esta sexta-feira, no Conselho Europeu, tendo saído da reunião a falar de ultimato e de chantagem. Voou de Bruxelas para Atenas para se reunir com os membros do seu Executivo, considerando as propostas dos credores inadequadas. 

 

O referendo anunciado por Tsipras destina-se a aprovar ou chumbar as exigências apresentadas pelos credores de Atenas no Eurogrupo de quinta-feira. Por isso, o anúncio deste plebiscito coloca em causa a reunião deste sábado dos ministros das Finanças da Zona Euro, onde se esperava que a Grécia tomasse uma decisão final sobre a proposta apresentada, salienta o Financial Times.

 

Uma vez que um fracasso nas negociações deste dia 27 de Junho exigirá o accionar de um ‘Plano B’, uma fonte oficial da União Europeia avançou esta noite ao FT que "estamos já a reescrever o ‘guião’".

 

Na sua intervenção televisiva, de cinco minutos, dirigida ao povo grego, o primeiro-ministro disse que o referendo é uma decisão histórica. 

 

O parlamento grego irá reunir-se de emergência este sábado para que o referendo possa ser convocado nos termos da Constituição, avança o The Guardian.

 

O BCE escusou-se a comentar ao jornal britânico o plano de consulta popular divulgado pelo Governo grego. O FMI também não quis tecer considerações, nem disse se tinha sido notificado sobre o mesmo.

 

Do lado da oposição, o deputado Adonis Georgiadis, porta-voz no Parlamento do partido Nova Democracia, referiu à televisão grega que o referendo vai acabar por ser um voto sobre se a Grécia permanece ou não no euro.

 

Enquanto isso, o clima de incerteza em relação ao futuro vai-se intensifcando no país. Um residente em Atenas disse ao Financial Times que já há filas nos arredores do Norte da cidade em frente às máquinas Multibanco, com as pessoas a quererem levantar o máximo de dinheiro possível com receio de uma imposição do controlo de capitais – isto apesar de o vice-ministro grego George Katrougkalos ter dito esta noite, citado pela Reuters, que os bancos gregos vão abrir na segunda-feira e que não há planos do Governo para impor esse tipo de controlo.


(Notícia actualizada à 01h51)

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