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Gentiloni: Lucros dão margem para subir salários sem afetar inflação

Há margem para subir salários na Zona Euro sem afetar a inflação dos países da moeda única, desde que exista um equilíbrio nos lucros, que, no ano passado, puxaram pelo aumento dos preços, considera a Comissão Europeia. Eurogrupo concordou em retirar apoios transversais ainda em vigor para mitigar subida de preços da energia.

O comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, avisa que os efeitos da política monetária mais apertada “vão tornar-se visíveis”.
Olivier Hoslet/Epa
13 de Março de 2023 às 19:35
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O comissário europeu com a pasta da Economia, Paolo Gentiloni, defendeu nesta quarta-feira que há margem para subir salários na Zona Euro sem afetar a inflação dos países da moeda única, desde que exista um equilíbrio nos lucros, que, no ano passado, puxaram pelo aumento dos preços.

"Os desenvolvimentos salariais no mercado de trabalho de momento não são significativos. Sublinho que podem ser balanceados pelo nível elevado de lucros que há em vários Estados-membros. Isso poderia gerir algum aumento de salários sem um impacto inflacionista excessivo", afirmou Paolo Gentiloni, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Eurogrupo desta segunda-feira, 13 de março.

O comissário europeu falava sobre a evolução da inflação na Zona Euro, um dos temas na reunião de ministros das Finanças dos 20 Estados-membros do Euro, considerando que os dados em cima da mesa trazem "sentimentos contraditórios". Por um lado, frisou, a inflação geral já parece ter passado o pico e está a descer há quatro meses consecutivos. Mas pelo lado negativo a inflação subjacente (que retira os bens alimentares e energéticos, considerados mais voláteis, e que por isso é vista como uma medida mais crítica, e "pegajosa", da subida de preços) continua a subir. 

Depois, Gentiloni disse que ainda há vários fatores de pressão sobre a inflação. Do exterior, estão relacionados com o preço das matérias-primas e a reabertura da China. Na vertente interna, a subida de preços depende da evolução salarial. Ainda assim, da Comissão, e tal como o Negócios escreveu há umas semanas, há o entendimento dentro do executivo comunitário de que há margem para subir salários - mais do que até aqui - sem que isso afete a inflação. 

Aliás, o jornal espanhol El País escreveu nesta segunda-feira, com base num documento da Direção-Geral de Economia e Finanças (DG-ECFIN) a que teve acesso, que a Comissão Europeia acredita mesmo que "a evolução dos lucros empresariais sugere que as empresas têm algum espaço para assumir aumentos salariais". 

Eurogrupo aceita retirar medidas "anti-inflação" transversais

Perante "a dificuldade em perceber quão pegajosa vai ser a inflação, os apoios orçamentais devem ser retirados gradualmente", defendeu o diretor executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), Pierre Gramegna. O objetivo é "evitar a aceleração das pressões inflacionistas e limitar o serviço de dívida" dos Estados-membros. 

Esse foi outro dos temas em cima da mesa. Depois de, na semana passada, a Comissão Europeia ter proposto a retirada dos apoios de mitigação da subida de preços em 2024, os ministros das Finanças concordaram, nesta segunda-feira, em fazê-lo. Aliás, à entrada da reunião, o ministro português das Finanças, Fernando Medina, admitiu "ajustar" os apoios em cima da mesa, direcionando-os apenas para as famílias mais vulneráveis. 

"Na ausência de choques renovados nos preços, vamos continuar a retirar [gradualmente] as medidas para mitigar a subida de preços energéticos, o que também deve contribuir para reduzir os défices orçamentais", lê-se na declaração conjunta dos 20 ministros das Finanças do Euro. Os governantes comprometeram-se também a monitorizar de perto o impacto das medidas na procura agregada.

"Devemos evitar medidas que subam o défice de forma permanente", frisam. 

Em relação a 2024, Paolo Gentiloni frisou que, com o final da cláusula de salvaguarda este ano e o regresso das regras europeias, os Estados-membros devem "prosseguir medidas orçamentais prudentes que garantam estabilidade e que facilitem os efeitos da política monetária". Ou seja, que arrefeçam a procura das famílias e das empresas. 

Além disso, e relativamente à revisão das regras que ainda decorre, Gentiloni disse que "houve consenso" nos aspetos relacionados com a Zona Euro, sem identificar quais. E acrescentou que se, na terça-feira, 14 de março, houver consenso entre os 27 Estados-membros (na reunião do Ecofin), então a Comissão pode apresentar propostas legislativas "nas próximas semanas".
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