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Gentiloni: Grande alvo do fundo de recuperação é evitar maior divergência

O comissário europeu da Economia garantiu esta quarta-feira que o grande alvo do fundo de recuperação que Bruxelas está a preparar é "evitar ou reduzir ao mínimo o risco de maior divergência económica" entre os Estados-membros.

Reuters
06 de Maio de 2020 às 19:17
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Em entrevista à Lusa e a três outras publicações europeias, Paolo Gentiloni escusou-se a revelar detalhes da proposta que a Comissão, mandatada pelo Conselho, apresentará em breve, até porque o trabalho ainda está em curso e restam decisões em aberto, mas adiantou que os dois grandes critérios no apoio a ser prestado será o impacto da pandemia da covid-19 nos países e nas regiões, mas também nos setores da economia.

No dia em que apresentou as Previsões Económicas da Primavera -- que antecipam uma contração recorde de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano na zona euro --, o comissário italiano apontou que "a mensagem principal é que é preciso agir para evitar ou pelo menos reduzir o risco de que uma crise comum, que não tem origem relacionada com decisões singulares de países, possa ter consequências económicas muito distintas".

"Este é o ponto de partida de uma resposta comum europeia. Devemos evitar ou pelo menos reduzir ao mínimo que, de uma crise comum, saiamos com consequências económicas muito diferenciadas, e elas já estão presentes nas nossas previsões", sublinhou, reportando-se ao facto de, apesar de a crise ser simétrica, a Comissão já antecipar graus muito distintos de contração e de retoma das economias dos Estados-membros.

Gentiloni argumentou que "os países não estão nas mesmas condições", e um dos aspetos que é necessário ter em conta é "a importância em diferentes países dos setores da economia mais afetados, e, neste momento, isso significa sobretudo o turismo, e as indústrias de viagens e alojamento e 'catering'".

O comissário assinalou a propósito que países como Itália e Espanha não só foram dois dos mais atingidos pela covid-19, e consequentemente forçados a confinamentos muito rígidos, com também são países "onde o turismo é fundamental", tal como acontece em Portugal.

"O critério que orientará as prioridades na nossa ação de recuperação deve estar sobretudo relacionado com os países e regiões mais afetados pelo surto, primeiro critério, e em segundo lugar os setores mais afetados", disse, recordando que essa ideia já está "bem expressa nas conclusões do Conselho Europeu de há duas semanas".

"Estes são os critérios. Quanto ao montante, os meios deste plano de recuperação, o 'mix' entre empréstimos e subvenções e o calendário, ainda está em discussão. Mas o alvo é claro: os setores e os países e regiões mais afetados, porque temos de utilizar este fundo comum para reduzir o risco de divergência económica, este é o alvo macroeconómico fundamental", prosseguiu.

Quanto ao equilíbrio entre subvenções e empréstimos na forma do apoio que será prestado aos Estados-membros -- uma das questões-chave do futuro fundo de recuperação e que poderá voltar a evidenciar divergências entre os países 'frugais' e os Estados do sul --, o comissário disse que "ainda não foi tomada uma decisão", mas deixou já uma 'pista'.

"Obviamente que as subvenções são fundamentais no quadro das pequenas e médias empresas em setores atingidos de forma mais forte pela crise e pelo confinamento, porque a liquidez e sistema de garantias para empréstimos é importante para os Estados-membros e para grandes empresas, se os prazos dos empréstimos forem longos, mas há um número grande de pequenos negócios, por exemplo no turismo, que estão a lutar pela sobrevivência, e não apenas por liquidez, e eles têm de ser ajudados", disse.

Ao início da tarde de hoje, na conferência de imprensa de apresentação das projeções macroeconómicas da Comissão, Gentiloni já adiantara que o executivo comunitário está "a trabalhar arduamente" na proposta do fundo de recuperação e conta apresentá-la "seguramente nas próximas semanas", embora sem se comprometer com uma data específica.

"O nosso plano vai ser decidido nas próximas semanas, não me cabe a mim decidir quando. Estamos a trabalhar arduamente e não é um trabalho fácil, mas seguramente nas próximas semanas, e utilizo o plural porque não posso dizer 'na próxima semana'. Mas nas próximas semanas, seguramente. E estou certo de que o Conselho o vai aprovar, com todas as discussões que são necessárias", declarou.

No Conselho Europeu celebrado por videoconferência em 23 de abril passado, os chefes de Estado e de Governo da UE encarregaram a Comissão Europeia de apresentar "com caráter de urgência" uma proposta de fundo de recuperação da economia europeia para superar a crise provocada pela pandemia de covid-19, interligando-o de forma clara com uma proposta revista do orçamento plurianual da UE para 2021-2027, que ainda não foi acordado entre os 27.


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