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França quer Reino Unido na Europa mas exige “responsabilidades”

François Hollande expressou o desejo de que o Reino Unido se mantenha na União Europeia mas sublinhou que pertencer à Europa “exige certas responsabilidades”.

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A proposta de realizar um referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia foi um dos temas debatidos hoje pelo governo francês. O presidente da República francesa, François Hollande, expressou o desejo de que o país se mantenha na Europa, revelou a porta-voz do chefe de Estado.

Hollande sublinhou, porém, que “pertencer à União Europeia exige certas responsabilidades, entre elas a solidariedade”.

 

David Cameron anunciou, esta manhã, que pretende realizar um referendo sobre a manutenção do país na União Europeia em 2017, caso os Conservadores vençam as próximas eleições.

 

“É tempo para os britânicos se pronunciarem. É tempo de colocar a questão europeia na política britânica”, afirmou David Cameron.

 

Num longo discurso que revisitou a história europeia dos últimos 70 anos, incluindo o pós-segunda guerra mundial e criação da actual União Europeia, o primeiro-ministro britânico sublinhou que quando for o momento de escolher entre ficar ou não na União Europeia (UE), o Reino Unido “vai ter uma importante escolha para fazer sobre o destino do país”.

Pertencer à União Europeia exige certas responsabilidades, entre elas a solidariedade. 
François Hollande

“Vai ser uma decisão que temos de tomar de cabeça fria. Os defensores dos dois lados vão ter de evitar exagerar nos seus argumentos” pode ler-se no discurso de Cameron, publicado pelo “The Guardian”.

 

Cameron reconheceu que o país pode “fazer o seu próprio caminho no mundo, fora da UE” se assim o escolher, mas a questão fulcral é se essa é a melhor opção para o futuro. Por isso, aconselhou os britânicos a “pesar cuidadosamente” onde estão e quais são os verdadeiros interesses das ilhas britânicas.

 

Advertiu ainda que deixar a UE não significa deixar a Europa, até porque o continente vai continuar a ser o principal parceiro comercial do país e, mesmo que haja uma saída total por parte do Reino Unido, “as decisões tomadas pela UE vão continuar a ter um impacto profundo” no país. “Mas nós [se tivermos decidido sair] teremos perdido” a capacidade de “vetar” assim como de expressar “a nossa voz nessas decisões”, acrescentou.

 

O mercado único foi também um dos pontos mencionados por Cameron. O primeiro-ministro salientou que é preciso mediar as consequências de não estar na União, bem como no mercado único enquanto membro de plenos poderes, até porque a “manutenção do acesso ao mercado único é vital para os negócios e para os postos de trabalho britânicos”.

 

“Temos de pensar cuidadosamente também acerca do impacto na nossa influência nas relações internacionais. Não há dúvida que somos mais poderosos em Washington, Pequim e Nova Deli porque somos um ‘player’ poderoso na União Europeia”, frisou ainda o chefe de Governo britânico, acrescentando que “isto é importante para os empregos britânicos e para a segurança” do Reino Unido.

 

Deixar a UE será uma viagem só “de ida, sem retorno”

 

Cameron, apesar de se mostrar favorável à manutenção da UE, lembrou no seu longo discurso que a saída da UE será uma viagem só “de ida, sem retorno”, sendo por isso necessário ter o tempo necessário para “um debate fundamentado” que, no final, levará a uma decisão da população britânica.

 

Os passos que a Zona Euro tem dado para manter o euro, explicou, pareciam impossíveis há um ano e “não me parece que os passos que” são “necessários para manter o Reino Unido (…) mais confortável na sua relação com a UE sejam estranhos ou pouco razoáveis”.

 

“E tal como eu acredito que o Reino Unido deve continuar na UE, a UE deve querer que continue-mos” dentro da União, frisou. Cameron revelou ainda que acredita que seja possível alcançar um novo acordo com o qual o país esteja confortável e possa prosperar.

 

Porém, o responsável indicou que a União tem de mudar tornando-se mais flexível, adaptável e aberta e lançou mesmo um alerta a Bruxelas: “há o perigo de que a Europa falhe e que os britânicos” pretendam caminhar para a saída.

 

Neste sentido, e quando o referendo se realizar – o que deverá acontecer no final de 2017, caso os conservadores de Cameron vençam as próximas eleições – se for possível negociar um acordo que deixe o Reino Unido satisfeito “vou fazer campanha com todo o meu coração e alma”. Isto porque, defende, “os interesses britânicos ficam melhor servidos numa UE flexível, adaptável e aberta” e essa “União é melhor com o Reino Unido”.

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