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Endividamento com garantias do Estado coloca em perigo setor financeiro de Itália

Novo pacote de ajuda às empresas para mitigar o impacto da subida dos preços na energia está a fazer soar os alarmes internacionais, por apostar em mais dívida para as empresas que já estão sobreendividadas. Contas públicas italianas podem vir a ser comprometidas pelas responsabilidades contingentes assumidas pelo Estado.

Itália regista a maior quebra em 2021, segundo o Eurostat.
Alberto Lingria/Reuters
03 de Dezembro de 2022 às 12:00
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Apesar de os empréstimos com garantias do Estado estarem a diminuir na maioria dos países europeus, em Itália continuam a aumentar. A tendência traz agora dificuldades acrescidas ao Governo de Giorgia Meloni na hora de apoiar um tecido empresarial sobreendividado a ultrapassar a atual crise energética.

Até ao segundo trimestre do ano, as empresas italianas contraíram empréstimos com garantias de Estado no montante total de 123,2 mil milhões de euros, segundo um relatório da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês). O valor fica acima dos 118 mil milhões registados no trimestre anterior, o que mostra que este tipo de empréstimos está a aumentar.

No entanto, tendo em conta os atuais níveis de endividamento das empresas italianas, qualquer ajuda extra sobre a forma de contração de novos empréstimos ameaça tornar as empresas apoiadas numa situação de insustentabilidade financeira, numa altura em que a economia está a desacelerar. 

Face a isso, o novo pacote de ajuda às empresas para mitigar o impacto da subida dos preços na energia está a fazer soar os alarmes internacionais. O pacote apresentado por Giorgia Meloni assenta sobretudo numa reprogramação dos empréstimos concedidos durante a pandemia, com uma garantia de 90% apoiada pelo Estado, sem ter em conta os níveis de endividamento existentes nem os seus riscos em caso de recessão.

"Estamos a caminhar sobre gelo muito fino", alerta Stefano Caselli, reitor da SDA Bocconi School of Gestão em Milão. "Se o sistema financeiro em Itália entrar em recessão e as pressões sobre os preços da energia continuarem altas, o endividamento das empresas tornar-se-á um problema".

Durante a pandemia, os empréstimos com garantias de Estado foram uma forma de dar liquidez de uma forma rápida às empresas. Mas agora, com a subida das taxas de juros e um crescimento a ritmo mais lento, muitas empresas italianas estão a ter dificuldades em pagar os empréstimos, o que aumenta o risco de as contas públicas italianas virem a ser comprometidas pelas responsabilidades contingentes assumidas pelo Estado.

Em comparação com os restantes países do euro, Itália é o país com mais empréstimos com garantias do Estado concedidos durante a pandemia (84,8% do total). Seguem-se Espanha (78,9%) e França (65,8%).

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