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Costa: "Só com a imunização coletiva poderemos retomar plenamente a atividade"

No lançamento oficial da presidência portuguesa da UE, o primeiro-ministro salientou a importância da vacinação simultânea decidida por Bruxelas e lembrou que o mercado único e a livre circulação no espaço europeu não serão restabelecidos antes de garantida a "imunização coletiva". Charles Michel prometeu lutar para "termos as vacinas necessárias à retoma económica e social".

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05 de Janeiro de 2021 às 19:04
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Portugal definiu como prioridades para a presidência do Conselho da União Europeia acionar o processo de retoma económica, reforçar o pilar social europeu e incrementar a autonomia estratégica do bloco europeu. Contudo, para já, a grande prioridade na Europa passa por acelerar e generalizar o mais possível o processo de vacinação já em curso e esse processo será central para a presidência portuguesa.


Depois de uma reunião de trabalho entre António Costa e Charles Michel, o primeiro-ministro português e o presidente do Conselho Europeu deram uma conferência de imprensa conjunta que sinalizou o tiro de partida para a presidência semestral da UE, que Portugal recebeu da Alemanha.


"A UE é uma verdadeira maratona que se desenvolve em forma de estafeta", disse Costa, sublinhando o orgulho por "receber este testemunho da chanceler Angela Merkel".


Tanto António Costa como Charles Michel asseguraram que a questão da escolha do procurador José Guerra não foi tratada na reunião de trabalho – o primeiro-ministro considerou mesmo que não é um tema "relevante para a presidência [da UE]". Assim, o tema a merecer maior atenção foi nesta conferência foi o processo de vacinação, isto no dia em que foi noticiado que a UE está a negociar com a Pfizer e a BioNTech a aquisição do dobro das vacinas inicialmente previstas.


Charles Michel lembrou o "papel fundamental" desempenhado pela União na mobilização de "verbas sem precedentes (16 mil milhões de euros) para fazer o investimento no processo de vacinação". Disse esperar que, "nas próximas horas", a segunda dose da vacina possa ser aceite e validada pela agência europeia do medicamento e garantiu o seu empenho, assim como da Comissão Europeia, em continuar a trabalhar "dia após dia, semana após semana, para termos as vacinas necessárias à retoma económica e social", que assegurou andarem de "mãos dadas".


Quanto ao combate à pandemia, revelou que "antes do final do mês de janeiro" vai decorrer uma videoconferência entre os líderes europeus para atualizar a estratégia de gestão conjunta da pandemia, assim como do processo de vacinação.


Por seu turno, o primeiro-ministro fez questão de apontar o "momento único que estamos a viver na história da humanidade" e que consiste no inédito processo de desenvolvimento e distribuição em tempo recorde de vacinas contra a covid-19.


"Só na Europa vamos vacinar simultaneamente 450 milhões de pessoas", disse sublinhando que, porém, não é possível produzir nem administrar num só dia tal número de vacinas.  Com Portugal agora na linha da frente da coordenação do processo europeu de vacinação, António Costa fez ainda questão de lembrar que poderão surgir problemas ao nível da produção ou reforços da capacidade de produção passíveis de alterar o calendário previsto.


Após referir que cada um dos Estados-membros define o seu próprio processo de vacinação, Costa explicou que o Governo português deu prioridade "aos profissionais de saúde" e que, na segunda fase, que começou esta segunda-feira, estão agora "os idosos internados em lares".


"O grosso da nossa vacinação vai ocorrer no segundo e terceiro trimestres deste ano, num esforço que se desenvolve até ao primeiro trimestre do próximo ano", acrescentou. Assegurou ainda que "só restabeleceremos plenamente o mercado interno e a liberdade de circulação" quando houver uma "imunização coletiva", a qual considerou imprescindível para Portugal e a Europa poderem "retomar plenamente a atividade".


"Precisamos mesmo da vacina para eliminar a pandemia", atirou, destacando a importância de que os processos "já em apreciação possam ser aprovados", embora salvaguardando a necessidade de que as vacinas aprovadas "tenham todas as garantias de segurança".


Para António Costa, a forma como está a decorrer a vacinação simultânea na Europa é um "sinal de que estamos em luta, uma luta contra a pandemia e uma luta que estamos a ganhar".


Prioridades alinhadas com estratégia europeia

No início da conferência de imprensa, António Costa detalhou as três grandes prioridades definidas pelo Governo para a presidência rotativa que Portugal desempenha no primeiro semestre deste ano.


Além de pôr no terreno a recuperação económica através da chamada bazuca europeia (o que requer ainda a aprovação dos 27 planos nacionais), a prosseguir tendo em conta as transições climática e digital, o primeiro-ministro enunciou o desenvolvimento do pilar social da UE e o reforço da autonomia estratégica europeia como as outras duas prioridades. Consagrar uma lei europeia do clima e realizar uma eventual cimeira UE-África são outros dos objetivos.


O presidente do Conselho aproveitou para salientar que estas prioridades estão perfeitamente "alinhadas" com os objetivos da UE para o "médio e o longo prazo". E quanto à intenção de Portugal apostar no pilar social, apesar de este ser um tema que oferece discórdia entre os Estados-membros, o belga mostrou-se de acordo com o objetivo dizendo que, e parafraseando Costa, "a Europa pertence às pessoas".

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