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Comissão Europeia nega por agora bloqueio do gás russo

"A posição oficial da Comissão Europeia é que não há sanções fora da mesa. Mas ao dia de hoje não estamos a falar de um bloqueio de gás. A questão é atingir a Rússia, mas sem nos prejudicar demasiado", afirmou o comissário europeu para os Assuntos Económicos.

Bloomberg
04 de Junho de 2022 às 12:49
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A Comissão Europeia (CE) não está a considerar neste momento um bloqueio do gás russo devido à invasão da Ucrânia, disse hoje o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, mas sem excluir sanções adicionais à Rússia.

 

Numa entrevista publicada este sábado no diário italiano La Stampa, Gentiloni admitiu que o conflito na Ucrânia não se ganha apenas com sanções sobre a Rússia. Porém, assegurou que o sexto pacote europeu de sanções vai ter "um efeito devastador na economia e poder russos".

 

"A posição oficial da CE é que não há sanções fora da mesa. Mas ao dia de hoje não estamos a falar de um bloqueio de gás. A questão é atingir a Rússia, mas sem nos prejudicar demasiado", referiu o comissário, acrescentando: "A guerra tem um custo. Mas cuidado: ninguém pensou em ganhá-lo com sanções, porque Vladimir Putin só estará disposto a sair dele com uma negociação que lhe permita evitar ter de dizer que foi derrotado".

 

E Paolo Gentiloni reiterou que "os seis pacotes lançados pela Comissão terão, de qualquer forma, um efeito devastador na economia e no poder russos", considerando "indubitável" a eficácia das medidas aprovadas.

 

Apesar de a frente europeia estar unida na guerra pela Ucrânia, Gentiloni mostrou-se descontente com as dificuldades para alcançar um consenso sobre algumas medidas, aludindo à posição do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban no último Conselho Europeu.

 

"A tomada de decisões em Bruxelas é muito difícil e foi vergonhoso ver como tudo foi abrandado porque um dos 27 se levantou e disse que uma decisão tomada pela reunião de chefes de Estado e de Governo não era suficientemente boa", disse, apelando a uma mudança nos procedimentos europeus: "Temos de mudar as regras, Mario Draghi [primeiro-ministro italiano] e Emmanuel Macron [Presidente francês] foram claros a este respeito, e espero que Berlim também se ocupe da questão".

 

"Mas não procuremos álibis, porque, mesmo com os instrumentos à sua disposição, a Europa está a fazer a sua parte em grande medida: proibição do carvão, embargo progressivo do petróleo, bancos russos fora da Swift, iniciativas contra o banco central de Moscovo, ativos congelados a oligarcas por 12 mil milhões de euros, quase 2 mil milhões dos quais em Itália. A Rússia está a caminho de um incumprimento técnico e terá uma queda de 10% no PIB", notou.

 

Questionado sobre um salário mínimo europeu, no meio do debate em Itália para aprovar um salário mínimo nacional, que ainda não existe, Gentiloni considerou-o necessário dada a perda do poder de compra dos salários.

 

 "Existe uma diretiva-quadro da Comissão. Não fomos mais longe porque muitos países se estão a retrair: os escandinavos, porque já a aplicam através da negociação colectiva, e os do Leste, porque temem que não seja sustentada", disse.

 

Sobre o aumento das desigualdades após as crises dos últimos anos, com a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, o comissário sublinhou que "a diretiva para o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores nas plataformas digitais é de grande importância".

 

"A Comissão tinha sugerido um imposto sobre os lucros extraordinários das empresas de energia, que Itália foi rápida a implementar, e nós queremos chegar ao imposto mínimo para evitar fugas para paraísos fiscais. Precisamos também de uma tributação extraordinária para as grandes multinacionais que saíram vitoriosas das crises dos últimos anos", concluiu.

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