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Agência Internacional de Energia alerta Europa para possível fecho definitivo da torneira do gás russo

Em entrevista ao Financial Times, o chefe da Agência Internacional de Energia diz que os países europeus se devem preparar para paragem imediata do fornecimento de gás russo, com o risco a aumentar à medida que se aproxima o inverno.

Para a indústria portuguesa, como a de têxtil ou cerâmica, o aumento dos preços da energia figura como o principal impacto da guerra na Ucrânia.
Kacper Pempel/Reuters
22 de Junho de 2022 às 09:48
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A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) advertiu a Europa para se preparar imediatamente para o corte completo das exportações de gás russo este inverno, instando os governos a tomarem medidas para cortar a procura e a manterem abertas antigas centrais nucleares.

O alerta foi deixado pelo chefe da IEA, Fatih Birol, que apontou que a decisão da Rússia de reduzir o fornecimento de gás aos países europeus, tomada na semana passada, pode ser um precursor de cortes adicionais, à medida que Moscovo procura ganhar "alavancagem" no quadro da guerra na Ucrânia.

"A Europa deve estar pronta no caso de o gás russo ser cortado por completo", afirmou em entrevista ao Financial Times.

"Quanto mais nos aproximamos do inverno, melhor compreendemos as intenções da Rússia", realçou. "Acredito que os cortes visam evitar que se encham os armazéns na Europa, e aumentar a alavancagem da Rússia" nesse período", frisou.

A IEA, que tem como fonte de financiamento primária os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), foi, no ano passado, um dos primeiros organismos institucionais a acusar publicamente Moscovo de manipular o fornecimento de gás para a Europa na preparação para a invasão da Ucrânia.

Apesar das preocupações que gera ao nível do aumento das emissões de gases com efeito de estufa, Birol defendeu que as medidas de emergência adotadas pelos países europeus esta semana para reduzir a procura de gás, tais como voltar a ligar antigas centrais a carvão, foram justificadas pela escala da crise, sublinhando que o aumento da produção de eletricidade através de carvão é "temporário" e que vai ajudar a preservar as reservas de gás precisas para aquecimento no inverno.

Além disso, apontou, quaisquer emissões de dióxido de carbono adicionais pela queima de carvão altamente poluente será compensada por uma aceleração dos planos da Europa para cortar a sua dependência das importações de combustíveis fósseis e elevar a sua capacidade de geração de energia renovável, acrescentou.

Birol deixou claro, porém, que os passos tomados até agora provavelmente não serão suficientes se as exportações da Rússia cesssarem por completo, defendendo por isso que os governos europeus devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar o abastecimento agora, de modo a garantir que os armazéns podem ser enchidos antes dos meses de inverno.

"Acredito que vão ser tomadas medidas adicionais e mais profundas ao nível da procura à medida que o inverno se aproxima", afirmou o chefe da IEA, para quem o racionamento de gás continua a ser uma possibilidade real caso a Rússia reduza ainda mais as exportações.
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