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Brexit: Uma Irlanda unificada será membro da UE

Os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia reúnem-se amanhã para afinar a estratégia para o Brexit. Durante o encontro, devem reconhecer que se a Irlanda do Norte passar a integrar a República da Irlanda vai pertencer automaticamente à União Europeia.

28 de Abril de 2017 às 11:30
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Os líderes dos 27 Estados-membros reúnem-se este sábado para afinar a estratégia comunitária para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia. E durante o encontro, os principais responsáveis dos 27 Estados-membros deverão formalmente reconhecer que a Irlanda do Norte, caso venha a unificar-se com a República da Irlanda, ficará automaticamente a ser membro da UE, de acordo com fontes diplomáticas da Reuters. No referendo realizado em Junho do ano passado à permanência do Reino Unido no bloco europeu, a maioria dos eleitores na Escócia e na Irlanda do Norte votaram pela permanência.

O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, já tinha pedido aos seus homólogos para reconhecerem que a Irlanda do Norte entraria automaticamente para a UE no caso de uma unificação com a República da Irlanda. No fundo, que acontecesse o mesmo que sucedeu em 1990 aquando da reunificação da República Democrática da Alemanha e da República Federal da Alemanha.

Enda Keny vai mesmo pedir aos restantes 26 Estados-membros para que o plano de negociação para a saída de Londres inclua o apoio político para aquilo que Dublin e especialistas legais da União Europeia consideram ser a posição da lei internacional para tais mudanças territoriais, de acordo com a agência. "Vai meramente afirmar as evidências, isto é, que uma Irlanda unida continua a ser membro da UE", disse uma fonte que está a trabalhar na preparação do Conselho Europeu deste sábado.

"A UE, claro, que não toma uma posição sobre a possibilidade de uma Irlanda unida. Se a questão surgir, será a população da Irlanda e da Irlanda do Norte que decidem de acordo com Acordo de Sexta-feira Santa".

O acordo de paz, assinado em 1998, refere que um referendo deve ser realizado tanto na República da Irlanda como na Irlanda do Norte para que a unificação possa concretizar-se.

Merkel e o fim da "ilusão" britânica

Ontem, a chanceler alemã, Angela Merkel, alertou os britânicos para não terem "ilusões", que os interesses da União vão ser primeiramente acautelados. "Um terceiro estado, e é isso que o Reino Unido vai ser, não pode nem vai ter ao seu dispor os mesmos direitos… que os membros da UE", disse no Parlamento, citada pela Reuters.

"Podem pensar que estas coisas são evidentes mas, infelizmente, tenho de colocar isto em termos claros porque sinto que algumas pessoas no Reino Unido continuam a ter ilusões sobre isto", disse Angela Merkel, citada pela Bloomberg. "Mas isso seria uma perda de tempo".

Merkel adiantou ainda que as negociações para os termos que vão levar à saída têm de ser discutidos antes de ser debatida uma nova relação comercial. "Apenas podemos fazer um acordo sobre a relação futura entre o Reino Unido e a UE depois de todas as questões sobre os termos da saída estarem clarificados de forma satisfatória", sublinhou citada pelo The Guardian.

Esta sexta-feira, Donald Tusk alinhou no mesmo discurso. O presidente do Conselho Europeu defende que é fundamental tratar do passado antes de discutir o futuro, devendo ser dada prioridade às matérias que os "Vinte e Sete" querem ver salvaguardadas.

"Devo sublinhar um elemento das nossas orientações propostas, que considero ser chave para o sucesso destas negociações, pelo que deve ser absolutamente compreendido e aceite por todos. Refiro-me à ideia de uma abordagem faseada, o que significa que não discutiremos as nossas relações futuras com o Reino Unido até termos alcançado progressos suficientes nas questões principais relativas à saída do Reino Unido da UE", escreve Tusk na missiva enviada aos líderes europeus, entre os quais o primeiro-ministro António Costa.


Depois de os líderes dos "Vinte e Sete" aprovarem, no sábado, as linhas directrizes para as negociações, será elaborado um mandato para Michel Barnier, chefe negociador da União Europeia, que deverá estar pronto até 22 de Maio, mas as negociações - que deverão ser concluídas no espaço de dois anos - só deverão arrancar depois das eleições no Reino Unido marcadas para 8 de Junho.

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