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Boris Johnson poderá expulsar conservadores que impeçam saída sem acordo

O primeiro-ministro britânico poderá expulsar ou tirar o mandato dos deputados conservadores que não o apoiarem no Parlamento, o que aumenta a possibilidade de marcação de eleições antecipadas. Para esta segunda-feira, Boris Johnson convocou uma reunião de emergência do Governo.

EPA
02 de Setembro de 2019 às 13:25
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O curto regresso dos deputados britânicos ao Parlamento vai ser muito preenchido, fazendo desta uma "semana histórica" para o processo do Brexit. Há várias hipóteses em cima da mesa, mas ainda nenhuma é certa. A imprensa britânica noticia que Boris Johnson, primeiro-ministro e líder dos Conservadores, poderá expulsar os deputados do seu partido que impeçam uma saída sem acordo, uma possibilidade que o atual Governo não exclui.

Desta forma, Johnson poderá colocar em causa a maioria de apenas um voto no Parlamento que lhe permitiu chegar ao Governo, o que irá abrir caminho a eleições gerais. O primeiro-ministro tinha um encontro com os deputados conservadores "rebeldes" (contra uma saída sem acordo), mas essa reunião foi cancelada. Para os "hard Brexiteers" do Partido Conservador, os "rebeldes" estão a enfraquecer a posição negocial do Reino Unido junto da União Europeia e a entregar o controlo do Parlamento a Jeremy Corbyn, líder da oposição (Trabalhistas). 

Alguns desses deputados são ex-membros do Governo de Theresa May, como é o caso do ex-ministro das Finanças, Philip Hammond. Esses deputados criticaram durante o fim de semana essa intenção de Boris Johnson, acusando-o de hipocrisia dado que o atual Governo tem deputados que anteriormente votaram contra o Executivo de May. Além disso, esta possibilidade reforça a crítica de que o primeiro-ministro está a colocar em causa o funcionamento da democracia britânica, a mesma crítica feita quando pediu à Rainha para prolongar a interrupção do Parlamento.

Esses deputados conservadores fazem parte de uma "coligação" de vários partidos para impedir uma saída sem acordo a 31 de outubro, o que tornou-se mais difícil em termos de agenda com o adiamento do regresso do Parlamento para 14 de outubro. Desde logo, o calendário é apertado e não está assegurado que os deputados consigam completar todo o processo legislativo até 9 de setembro, antes da interrupção. Mas também há quem avise que os deputados têm de estar preparados para levar o Governo a tribunal caso este desafie qualquer lei que passe no Parlamento sobre o Brexit, o que já foi admitido pelo ministro britânico Michael Gove. 

É provável que haja um debate de emergência sobre o Brexit esta terça-feira onde dará entrada a legislação para impedir uma saída da União Europeia sem acordo. Uma maioria dos deputados britânicos deverá usar este debate de emergência para controlar a agenda parlamentar até 9 de setembro (data mais provável para começar a interrupção do Parlamento), tal como fizeram em abril, para impor a passagem desta legislação, explica a BBC.

De acordo com o porta-voz de Downing Street, citado pela Bloomberg, Boris Johnson vai amanhã falar ao Parlamento sobre o encontro do G-7 em Paris, mas também dará oportunidade aos deputados para fazerem questões sobre o Brexit.

Segundo a imprensa britânica, o primeiro-ministro convocou uma reunião de urgência com o Executivo e com os deputados conservadores para esta segunda-feira, 2 de setembro, aumentando a especulação sobre a convocação de eleições antecipadas.

Atualmente, está tudo praticamente em aberto, desde uma moção de censura ao atual Governo, a formação de um Executivo provisório com Corbyn ou com outra figura, a marcação de eleições antecipadas antes ou depois de 31 de outubro ou uma saída sem acordo levada a cabo por Boris Johnson com o Parlamento a não conseguir evitar esse cenário.

Até 31 de outubro, o dia oficial para a saída do Reino Unido da União Europeia, há já algumas datas a fixar: amanhã, dia 3 de setembro, o Parlamento volta a reunir-se; entre 9 e 12 de setembro haverá a suspensão da sessão legislativa; a 14 de outubro dá-se o regresso com o discurso da Rainha; a 17 de outubro os líderes europeus reúnem-se para o Conselho Europeu final antes do Brexit.
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