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Turquia volta a cortar taxa de juro
Corte nos juros vai ao encontro do defendido pelo regime de Erdogan, que quer facilitar o crédito à economia. Analistas dizem que a medida parece mais destinada a suportar a lira do que os objectivos de inflação.
O banco central turco cortou novamente a taxa de juro vigente no país, pelo sexto mês consecutivo, mas assegura que o impacto negativo na economia do golpe falhado em Julho praticamente desapareceu.
A taxa de depósito "overnight" foi reduzida em 25 pontos base, para 8,5%, enquanto a taxa de recompra a uma semana ficou inalterada em 7,5%. Ainda este mês a autoridade tinha reduzido o nível de reservas exigido aos bancos, na tentativa de aumentar o crédito à economia.
"O impacto negativo nos indicadores de mercado dos acontecimentos internos em meados de Julho foi largamente revertido devido ao aumento do apetite pelo risco a nível global e pelas medidas recentes," afirmou o banco central num comunicado, referindo-se ao golpe militar falhado.
A autoridade monetária referiu contudo que a queda da actividade turística entretanto verificada poderá vir a ter um impacto negativo nas contas do país no curto prazo.
A redução surge depois de o Presidente Tayyip Erdogan ter pedido aos bancos que não cobrem juros altos aos seus clientes e prometido agir contra os que tomem "medidas erradas". E quatro dias após a agência de notação financeira Fitch ter reduzido o seu "outlook" para a dívida turca, de estável para negativo, perspectivando uma possível redução do rating. Em Julho, a Moody's colocou o rating em revisão, ameaçando descê-lo para nível de não investimento.
Para William Jackson, da Capital Economics, a decisão de voltar a cortar juros mostra o banco central mais orientado para sustentar a lira turca – que tocou mínimos depois do golpe falhado – do que para atingir objectivos de inflação. "O conselho parece subestimar os riscos que a economia turca enfrenta", referiu o analista numa nota a investidores, citada pela Reuters.