A bolsa turca está a reagir em forte queda à tentativa falhada de golpe de Estado na sexta-feira à noite, numa sessão em que a moeda do país está a recuperar e os juros das obrigações soberanas estão em forte alta.

O Borsa Istanbul 100, principal índice da bolsa turca, está a recuar 4,71% para 78.922,82 pontos. É a primeira reacção das acções turcas à tentativa falhada de golpe de Estado, que ocorreu na sexta-feira à noite, já a bolsa turca estava encerrada.

De acordo com o Financial Times, o índice turco está a registar a maior queda em mais de um ano. Entre as cotadas que mais pressionam a bolsa de Istambul destacam-se a TAV Airports Holding (-12,3%) e a energética Ipek Dogal (-18,1%).

"A Turquia enfrenta a perspectiva de um ambiente potencialmente tenso e tóxico. Depois da tentativa falhada de golpe de Estado, o presidente Erdogan deve tentar consolidar o seu poder, o que pode gerar uma crescente tensão entre o AKP e os principais partidos da oposição. Dado que aumentaram os riscos políticos e a incerteza, os investidores estrangeiros devem adoptar uma postura mais cautelosa e podem reduzir a exposição aos activos turcos, pelo que uma onda de fuga de capitais não é de excluir", refere Piotr Matys, do Rabobank, citado pelo FT.

Já o Commerzbank parece menos preocupado. "Os preços devem continuar voláteis durante algum tempo, mas no final, os investidores devem aproveitar esta oportunidade para comprar", referiu à Bloomberg Tatha Ghose, analista do banco alemão em Londres.

No mercado cambial a tendência está já a ser de recuperação. A lira turca afundou 4,64% na sexta-feira, quando não se sabia qual iria ser o resultado do golpe de Estado. Na sessão de hoje a moeda valoriza 2,15% para 2,9326 liras por dólar. O Goldman Sachs estima que a lira continue em queda, perspectivando que desvalorize até 3,0157 liras por dólar, apenas a 2% do mínimo histórico fixado em Setembro nos 3,0752 liras por dólar.

"O nível de incerteza foi reduzido fortemente pelo facto de a tentativa de golpe de Estado ter falhado. Mas esperamos que o nível de risco político permaneça elevado e que tal tenha impacto na economia", refere Clemens Grafe, do Goldman Sachs.

O vice-primeiro-ministro, Mehmet Simsek, já afastou a possibilidade de o Governo ordenar uma intervenção das autoridades para suster a queda da moeda do país.  

No mercado obrigacionista também se reflecte a instabilidade originada com a tentativa de golpe de Estado. Os juros dos títulos de dívida soberana a 10 anos estão a subir 43 pontos base para 9,52%.