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Trabalhadores em França em protesto contra aumento da idade da reforma

Principais sindicatos franceses convocaram manifestações e greves para o próximo dia 19 de janeiro. Consideram que o plano de Emmanuel Macron de aumentar a idade da reforma é um "grave recuo social" e negam que a sustentabilidade do sistema previdencial francês esteja em perigo.

EPA
11 de Janeiro de 2023 às 10:27
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O Governo francês de Emmanuel Macron anunciou que irá subir gradualmente a idade da reforma de 62 para 64 anos e a resposta dos sindicatos não tardou em chegar. Por toda a França, foram convocadas várias greves e protestos, com as organizações de trabalhadores a classificarem a medida de "grave recuo social".

Oito dos principais sindicatos franceses anunciaram logo na terça-feira, após o anúncio da intenção do Governo de Emmanuel Macron em subir a idade da reforma, a convocação de várias manifestações e greves para o próximo dia 19 de janeiro. Num comunicado conjunto, os sindicatos indicam que esta primeira jornada de contestação "será o ponto de partida para uma forte mobilização sobre as reformas a longo prazo". 

"O sistema previdencial não está em perigo. Nada justifica uma reforma tão brutal", referiu Laurent Berger, líder da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), após uma reunião que juntou os secretários-gerais e presidentes de vários sindicatos em Paris. "Regressámos ao que os nossos antepassados conheceram, ou seja, que depois do trabalho vem o cemitério", disse também o dirigente do sindicato Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez.

Os protestos marcados contarão também com o apoio de partidos de esquerda em França, que dizem que a reforma proposta é injusta sobretudo para os mais pobres, que começam a trabalhar mais cedo. Além disso, lembram que, segundo o
 Instituto Francês de Estatística, um quarto dos homens mais pobres morre antes dos 62 anos.

O plano do Presidente francês prevê que, a partir de 1 de setembro de 2030, a idade mínima da reforma será de 64 anos, ao invés dos 62 atuais. Para isso, a idade irá  aumentar três meses a cada ano e, a partir de 2027, passará a ser necessário ter 43 anos de contribuições, em vez dos atuais 35, para um reformado ter acesso a uma pensão completa.

Esta é uma reforma que Emmanuel Macron vinha a defender, desde a campanha para o seu primeiro mandato. No entanto, agora, no segundo mandato para o qual foi eleito, não dispõe de uma maioria absoluta no Parlamento.


Na apresentação da medida, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, reconheceu que mudar sistema previdencial francês "levanta dúvidas e receios entre o povo francês" e que, cabe agora ao Governo, conseguir o apoio público para avançar com a prometida reforma, a fim de dar sustentabilidade ao sistema previdencial francês.

O diploma será aprovado em Conselho de Ministros a 23 de janeiro, antes de ser enviado ao Parlamento. Apesar desse aumento previsto da idade da reforma, França continuará a ser um dos países com o limite mínimo mais baixo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

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