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"Russiagate" faz estalar (nova) crise no governo italiano

Depois de o primeiro-ministro italiano não ter resguardado Matteo Salvini nas declarações prestadas no parlamento, o número dois do executivo passou ao ataque afirmando que as palavras de Conte lhe interessam "menos que nada". PD avança com moção de censura contra Salvini.

Reuters
25 de Julho de 2019 às 12:56
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A frágil coligação que governa Itália atravessa novamente um período de tensão, com o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini a atacar o primeiro-ministro e o outro número dois do governo. A provocar esta tensão está o "Russiagate" italiano que envolve a Liga de Salvini num alegado esquema de financiamento oriundo de Moscovo.

Depois de o líder da Liga e também ministro do Interior ter rejeitado ir ao parlamento dar explicações sobre aquele caso, o primeiro-ministro Giuseppe Conte acedeu dar explicações aos deputados transalpinos, porém não protegeu Salvini.

Apesar de garantir manter "total confiança" no seu ministro e sublinhar não existirem quaisquer provas de crime e práticas ilícitas, Conte admitiu regressar ao parlamento se houver razões para "cessar antecipadamente" as suas funções.

Esta alusão a um final antecipado do governo e a forma como Conte confirmou que Gianluca Savoini (Liga) esteve, no verão do ano passado, em Moscovo, para onde voltou em outubro último, acompanhando a delegação liderada por Salvini, irritou o político nacional-populista.

"Ele (Conte) ofende-se se eu disser que aquilo que ele diz me interessa menos que nada", retaliou Matteo Salvini frisando que, apesar de tudo, as palavras do primeiro-ministro confirmaram que "não existe nada concreto".

"O primeiro-ministro quis sublinhar isso mesmo, mas não teve a cortesia institucional devida, [porque aceitou falar sobre] informações inúteis", rematou.

Savoini, antigo porta-voz de Salvini, é apontado pela Procuradoria de Milão como o homem que negociou diretamente com Moscovo o recebimentos de fundos para financiar a campanha eleitoral da Liga nas últimas europeias. Não é a primeira vez que é aventada a possibilidade de a Rússia financiar a Liga, partido pró-Putin.

O "Russiagate" transalpino surgiu a 9 de julho e foi noticiado pelo site Buzzfeed, que publicou um áudio de uma reunião entre três italianos e outros tantos russos num hotel moscovita.

O encontro terá decorrido em outubro de 2018 e neste terá sido decidida uma operação que envolve a venda de petróleo por uma empresa russa para a petrolífera italiana ENI. A compensação por este negócio envolveria o pagamento de 60 milhões de dólares à Liga. No entanto, os dados apontam para que o negócio sobre o petróleo não terá avançado.

Falando em "jogos palacianos", Salvini também apontou baterias ao líder do 5 Estrelas e vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, por não controlar os seus deputados. Tudo porque vários elementos do 5 Estrelas também exigiram explicações ao líder da Liga.

Di Maio limitou-se a pedir a Salvini e Conte que "não litiguem", considerando que o primeiro-ministro foi "bastante generoso" ao aceitar falar no parlamento sobre uma questão que "obviamente não o envolve".  "Dito isto, trabalhemos nas coisas concretas", concluiu.

Entretanto, esta manhã o PD (centro-esquerda) anunciou que vai submeter Salvini a uma moção de censura por este se recusar a prestar esclarecimentos aos deputados italianos.

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