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Rutura iminente no Governo italiano leva a subida dos juros da dívida

A possibilidade de rutura da atual coligação de Governo está a deixar os investidores nervosos. Os juros da dívida a dez anos estão a subir.

Reuters
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 08 de Agosto de 2019 às 10:19
Os juros da dívida italiana a dez anos estão a subir 6,3 pontos base para os 1,48% esta quinta-feira, 8 de agosto, tendo o "spread" face à Alemanha atingido máximos de um mês. A subida foi provocada pelas renovadas tensões entre os dois parceiros de coligação de Governo. Os mercados temem a hipótese de queda do Governo ou da saída do ministro das Finanças. 

O partido de extrema-direita Liga, liderado por Matteo Salvini, e o partido anti-establishment Movimento 5 Estrelas, liderado por Luigi di Maio, governam Itália desde maio de 2018, mas - um ano e pouco depois - o fim da coligação está a ganhar cada vez mais força. 

Já era conhecida a fricção em privado entre os dois parceiros de coligação. Em público, a tensão voltou a aumentar esta quarta-feira após a Liga ter votado contra uma moção do 5 Estrelas no Parlamento para acabar um projeto público de construção de uma ligação por comboio de alta velocidade entre Itália e França.

Além disso, vários jornais italianos avançam que Salvini quer substituir alguns ministros do atual Executivo, incluindo o ministro das Finanças, Giovanni Tria, que é melhor cotado pelos investidores do que os líderes dos dois partidos da coligação. O líder da Liga negou essa intenção num evento público ontem, mas afirmou que seria melhor ir a eleições caso a discórdia da coligação chegue a um ponto em que não seja possível avançar.

A substituição de Tria teria algum impacto na forma como os mercados encaram o Governo italiano dado que o economista é visto como um mediador entre as intenções de Salvini para mais gastos orçamentais e a necessidade de maior consolidação orçamental num país que tem a segunda maior dívida pública da Zona Euro. 

Numa nota divulgada hoje e citada pela Reuters, os analistas do UniCredit dizem que o risco de eleições antecipadas aumentou uma vez que será difícil para o Movimento 5 Estrelas continuar a subjugar-se às intenções de Salvini agora que o seu partido é a força política dominante nas sondagens, apesar do "Russiagate".

Hoje decorrem reuniões à porta fechada entre a coligação e os membros do Governo. O Corriere della Sera noticia que Salvini deu ao primeiro-ministro até à próxima segunda-feira para propor uma nova composição do Executivo. Ontem, num comício, Salvini disse que uma decisão sobre o futuro da atual coligação poderia ser feita "nas próximas horas".
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