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Renzi enfrenta eleições com partido ensombrado por casos de corrupção
Pouco mais de um ano depois de ter vencido as eleições europeias, o primeiro-ministro italiano terá de enfrentar novas eleições, regionais e municipais, já este domingo. Casos de corrupção e o fantasma do partido Cinco Estrelas pairam sobre Matteo Renzi.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, enfrenta um novo teste já no próximo domingo, 31 de Maio. Sete das 20 regiões italianas vão a votos, bem como mais de 1.000 do total de 8.047 municípios. Um ano depois da vitória nas eleições europeias de 25 de Maio de 2014, Renzi terá o primeiro teste eleitoral depois do conjunto de batalhas parlamentares para fazer aprovar os seus planos de reformas.
O PD de Renzi surge algo fragilizado nesta fase, especialmente devido aos casos de corrupção que envolvem muitos dos seus candidatos. O caso mais conhecido é o de Vincenzo De Luca, novamente candidato do PD à presidência da região de Campânia. A campanha de De Luca decorre em paralelo a vários processos judiciais em curso, sob acusações de corrupção, associação criminosa, burla agravada e abuso de poder, entre outras.
Depois de há alguns anos ter sido obrigado a abandonar a presidência da câmara de Salerno, De Luca chegou a pertencer por alguns meses ao governo liderado pelo antecessor de Renzi, o também democrata Enrico Letta. E apesar de todos estes casos em torno de De Luca, Renzi manteve o seu apoio a este candidato.
No entanto, o comité parlamentar italiano vai apresentar, esta sexta-feira, uma lista relativa aos candidatos que não poderão apresentar-se às eleições de domingo por estarem indiciados em processos-crime ainda em investigação. Poderá ser o caso de De Luca e de outros 17 políticos que se candidatam na região da Campânia e que terão alegadas ligações à máfia napolitana. E mesmo que vença as eleições, De Luca poderá depois ser obrigado pelos tribunais a abdicar do cargo devido à lei anti-corrupção que impede cidadãos condenados de exercer cargos públicos.
Mas são vários os desafios de Matteo Renzi. Depois de aprovada a reforma da lei eleitoral (designada de lei Severino) e a reforma do mercado laboral, que originou uma greve geral dos trabalhadores contra a flexibilização laboral, o primeiro-ministro transalpino teme a penalização eleitoral do seu partido em virtude das medidas introduzidas pelo seu Executivo.
E se a direita se encontra bastante fragilizada após a dissolução do Povo pela Liberdade, que deu origem ao Forza Italia de Silvio Berlusconi e ao Novo Centro Direita de Angelino Alfano, há ainda a crescente expressão eleitoral da Liga do Norte.
A força liderada por Matteo Salvini é hoje em dia a formação política mais expressiva da direita transalpina e deverá mesmo manter o poder na região rica do Vêneto. Havendo ainda a possibilidade de a Liga do Norte poder conquistar mais municípios.
Por outro lado, depois dos ganhos eleitorais de partidos como o Podemos e o Cidadãos, bem como de forças partidárias regionais, nas eleições do passado domingo, em Espanha, Matteo Renzi teme, em particular, a transferência de votos de protesto para partidos anti-poder e com um discurso anti-corrupção como é o caso do Cinco Estrelas de Beppe Grillo.
O PD controla actualmente cinco das sete regiões que vão a votos no domingo, e segundo afirmou já este mês Matteo Renzi, citado pela Reuters, vencer apenas quatro dessas regiões "continuaria a ser uma vitória".
Ainda assim, a divulgação de dados económicos positivos em relação a Itália, como a previsão da Comissão Europeia de um crescimento de 0,6% do PIB e a consequente saída da recessão, podem jogar a favor de Matteo Renzi.