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Puigdemont acredita na investidura, não diz como e até admite fracasso

Depois de se reunir, em Bruxelas, com o presidente do parlamento catalão, Puigdemont disse que "há muitas possibilidades" para concretizar a sua investidura como líder da Generalitat, porém não esclareceu como pretende fazê-lo nem se vai a Barcelona.

Lusa
David Santiago dsantiago@negocios.pt 24 de Janeiro de 2018 às 18:55

No dia em que Carles Puigdemont e Roger Torrent discutiram, em Bruxelas, o enquadramento em que decorrerá a sessão de investidura prevista para 30 ou 31 de Janeiro, nenhum esclareceu se o presidente destituído da Catalunha e deputado eleito vai, ou não, marcar presença na dita sessão.

 

Puigdemont, que é o único candidato à presidência do governo autonómico catalão (Generalitat), e Torrent (membro da soberanista ERC), presidente do parlamento catalão, coincidiram nas críticas a Madrid e apelaram ao respeito pela vontade expressa nas urnas pelo povo da Catalunha.

 

No final do encontro, Carles Puigdemont insistiu na viabilidade da sua investidura, dizendo que "há muitas possibilidades" de a concretizar. Ainda assim, Puigdemont admitiu que a fórmula "ideal" passa pela investidura "presencial", cenário que poderia determinar a sua detenção, já que persiste uma ordem de prisão sobre si pelos crimes de rebelião, sedição e desvio de fundos.

 

No entanto, ao afirmar que as forças independentistas vão "tentar até ao último momento" garantir a sua investidura, Puigdemont pareceu abrir a porta à possibilidade de não conseguir ser investido presidente da Generalitat.

 

Os obstáculos são diversos. Desde logo porque, se entrar em Espanha, Puigdemont será detido. Por outro lado, os serviços jurídicos do "parlament" consideram imprescindível a presença do candidato à investidura, o que dificulta as alternativas contempladas por Puigdemont: investidura "telemática" (por videoconferência) ou a delegação do discurso de investidura noutro deputado.

 

Este entrave até pode ser contornado pela Mesa do plenário - controlada pelo bloco independentista e presidida por Roger Torrent -, que pode viabilizar a investidura de Puigdemont por videoconferência ou por delegação.

 

Contudo, os partidos unionistas (PP, Cidadãos e PSC) já avisaram que se a Mesa do "parlament" validar qualquer um destes caminhos irá recorrer ao Tribunal Constitucional que, por sua vez, pode suspender a sessão de investidura.

 

As críticas ao governo de Mariano Rajoy endureceram depois deste ter decidido, ao abrigo do artigo 155 da Constituição através do qual Madrid suspendeu a autonomia catalã e assumiu as rédeas da região, impedir a realização do encontro entre Puigdemont e Torrent na delegação da Generalitat em Bruxelas.

 

Roger Torrent começou por lamentar que a reunião tivesse de decorrer na capital belga, e não em Barcelona, para depois considerar "intolerável" o impedimento decretado pelo governo espanhol, que contraria as regras democráticas e dá um sinal contrário à vontade de diálogo expressa por Rajoy. 

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