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Polémica sobre imigrantes provoca remodelação no governo britânico

A menos de um ano do Brexit, a primeira-ministra Theresa May perde uma das principais aliadas políticas e destacado membro pró-europeísta no Governo. O sucessor descreveu a União Europeia como "um projecto falhado".

30 de Abril de 2018 às 12:31
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Sajid Javid, filho de um condutor de autocarros de origem paquistanesa, é o novo ministro do Interior do Reino Unido, depois da demissão de Amber Rudd na sequência de uma polémica que se arrastava há vários dias sobre o estabelecimento de quotas de deportação de imigrantes ilegais.

 

A pasta das mulheres e da igualdade de género, que era também assegurada pela ex-ministra acusada de mentir no Parlamento, transita para Penny Mordaunt, que já tutelava a área do desenvolvimento internacional. Nesta mini remodelação, também James Brokenshire foi apontado como responsável pela habitação, pelas comunidades e pelos governos municipais.

 

 

Numa altura em que se aproximam do momento decisivo as negociações sobre o abandono da União Europeia, previsto para Março de 2019, a Reuters assinala que a saída de uma das maiores aliadas políticas de Theresa May é um "golpe" para a primeira-ministra britânica. É que, num Executivo muito dividido sobre o processo do Brexit, Amber Rudd era um dos mais destacados membros pró-europeus.

 

No entanto, as consequências para a líder conservadora que chegou ao poder depois do referendo podem ser mais amplas. É que os Trabalhistas estão a atribuir-lhe directamente responsabilidades neste dossiê – recorde-se que May era precisamente ministra do Interior antes de suceder a David Cameron –, pedindo esclarecimentos sobre o seu próprio papel nas políticas de imigração.

 

Apelidando a chefe de Governo de "arquitecta desta crise", a porta-voz do principal partido da oposição, Diane Abbot, quer que a primeira-ministra dê uma explicação "imediata, completa e honesta" sobre toda a polémica e que faça uma declaração perante a Câmara dos Comuns sobre se sabia que Rudd estava a mentir na comissão parlamentar sobre as quotas de deportação.

 

Caribenhos na origem da polémica

 

Na origem deste caso está uma investigação do jornal The Guardian relativamente aos direitos básicos que estão a ser negados aos descendentes da chamada "Geração Windrush", composta por caribenhos provenientes das antigas colónias britânicas que, depois da Segunda Guerra Mundial e até ao início dos anos 1970, foram chamados para ajudar na reconstrução do Reino Unido devido à carência de mão-de-obra.

 

Eleito deputado em 2010 depois de uma carreira de sucesso na City, segundo o perfil traçado pelo The Observer, já depois de ser confirmado esta manhã por Downing Street, Sajid Javid referiu, citado pelos jornais britânicos, que "a tarefa mais urgente que [tem] é ajudar esses cidadãos britânicos que vieram das Caraíbas (…) e assegurar que todos eles são tratados com a decência e a justiça que eles merecem".

Quanto aos sentimentos de europeísmo do novo ministro, num texto que publicou no Daily Mail poucos meses antes do referendo dizia que o seu voto pela permanência na União Europeia o deixava de "coração pesado" e era apenas justificado pelos elevados custos que essa decisão acarretaria. É que para Sajid Javid era "claro que o Reino Unido nunca devia ter aderido à União Europeia", que descrevia inclusive como "um projecto falhado e uma exagerada burocracia a precisar de reformas amplas e urgentes".

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