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Merkel convidou Putin para conversações sobre a Ucrânia
Pela primeira vez desde 2014 Putin visitará Berlim. Hollande e Poroshenko também vão participar nesta nova tentativa para encontrar uma solução para o conflito que se arrasta há mais de dois anos no Leste da Ucrânia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, convidou o presidente russo, Vladimir Putin, para retomar conversações a quatro com o objectivo de encontrar uma solução para o conflito ucraniano. Além de Merkel e Putin, no encontro agendado para esta quarta-feira participarão também os presidentes da França e da Ucrânia, François Hollande e Petro Poroshenko, respectivamente.
Putin regressa assim a Berlim pela primeira vez desde 2014, numa nova tentativa da chanceler germânica de normalizar as relações entre a Rússia e a Ucrânia, de costas voltadas desde a deposição do antigo presidente ucraniano pró-russo, Viktor Yanukovych. Será portanto a primeira vez, desde o início do conflito armado no Leste da Ucrânia (Donbass) em 2014 que Putin visita a Alemanha.
Num comunicado divulgado esta terça-feira, 18 de Outubro, pelo Governo alemão, explica-se que o objectivo deste encontro quadripartido passa por "aferir a implementação do acordo de Minsk" e discutir "novos passos".
Por outro lado, este encontro acontece num momento de particular tensão entre Moscovo e o ocidente. Depois do deteriorar das relações entre a Rússia e a comunidade internacional que se seguiu à anexação da Crimeia e posterior conflito armado no Donbass, tem sido agora a intervenção russa na guerra civil síria a provocar novo recrudescer da tensão.
O problema na Síria será também discutido à margem do encontro desta quarta-feira. Estados Unidos, França e Reino Unido acusam Moscovo de estar a apoiar do presidente sírio Bashar al-Assad, bombardeando indiscriminadamente os inimigos do regime de Damasco, não cingindo a sua actuação ao combate a grupos terroristas. Na semana passada, Hollande acusou Putin de "crimes de guerra", o que levou Putin a cancelar uma visita a Paris.
Porém, a justificar este encontro está o problema ucraniano. Depois de já terem sido firmados dois acordos de cessar-fogo em Minsk, capital da Bielorrússia, ao fim de mais de dois anos de conflito no Donbass, entre o exército fiel a Kiev e forças rebeldes pró-russas, e pese embora a actual menor dimensão das hostilidades agora verificada, há uma tensão latente na região e continuam a surgir relatos a dar conta de combates.
A verdade depois do fracasso do primeiro acordo de Minsk, também o Minsk 2, assinado em Fevereiro de 2015, nunca foi efectivamente implementado no terreno. Um dos problemas decorre do facto de Kiev não ter conseguido alterar a Constituição de forma a dar maior autonomia à região do Donbass, maioritariamente russófila.
Também devido a esta razão, o Kremlin encontrou aqui uma boa justificação para manter mobilizado o exército russo junto à fronteira russa com o Leste da Ucrânia. Até ao momento os combates entre o exército ucraniano e as forças rebeldes, que Kiev garante serem apoiadas militar e financeiramente pela Rússia, já provocou cerca de 10 mil mortos desde 2014. A tensão no Donbass conheceu novo período de agudização no último Verão.
E se responsáveis governamentais alemães já fizeram questão de baixar as expectativas quanto aos resultados que possam ser alcançados nesta reunião a quatro, também Poroshenko, citado pela agência Reuters, já assumiu que é bom não "termos expectativas muito elevadas".