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Merkel optimista sobre formação da coligação Jamaica mas admite que tarefa é difícil

No dia em que termina o prazo estipulado pela chanceler germânica para a conclusão das conversações exploratórias com liberais e ecologistas para a formação de uma coligação de governo, Angela Merkel reconhece que se trata de uma "tarefa difícil" mas mostra confiança num resultado positivo.

Reuters
16 de Novembro de 2017 às 14:10
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Apesar de difíceis, as negociações para formalizar uma coligação governativa na Alemanha "podem resultar", disse Angela Merkel esta quinta-feira, 16 de Novembro, o dia em que termina o prazo definido pela chanceler alemã para a conclusão da primeira fase das conversações da aliança democrata-cristã (CDU e CSU) com liberais (FDP) e ambientalistas (Verdes).

 

"Quanto temos sucesso - e eu acho que o sucesso é atingível -, então podemos obter um resultado positivo no final das conversações de hoje, embora se trate de uma tarefa difícil, uma tarefa muito complicada", disse Merkel esta manhã.

 

Com esta afirmação, Angela Merkel deixa antever que as conversações desta quinta-feira deverão prolongar-se ao longo de todo o dia e, possivelmente, noite dentro. Ainda assim, Merkel mostra-se confiante e diz-se pronta a dar o seu "contributo".


Previsivelmente complexas, as conversas exploratórias em curso para a formação da nunca testada coligação Jamaica (as cores dos três partidos, preto, amarelo e verde, são as mesmas da bandeira jamaicana) não permitiram alcançar grandes avanços desde as eleições de Setembro último.

Só depois de alcançarem um acordo de princípio com um mínimos de posições comuns é que os três partidos podem avançar para conversações formais tendo em vista a formação de um governo tripartido. Depois das últimas eleições, Merkel mostrou-se confiante de que até ao final deste ano seria possível encontrar uma solução governativa com apoio parlamentar maioritário.

 

Existem "sérias diferenças"entre os quatro partidos em causa (CDU e o partido-irmão da Baviera, CSU, são forças autónomas), admitiu a chanceler notando que estas forças apresentam "posições muito, muito diferentes".

 

A importância das conversas que hoje têm lugar resulta, desde logo, do risco de a chanceler ver interrompido o ciclo de 12 anos à frente dos destinos da Alemanha.

 

Perante a recusa dos social-democratas de Martin Schulz em reeditar a grande coligação que governou neste último mandato, e tendo em conta que o xenófobo AfD está posto de parte porque nenhum outro partido representado no Bundestag aceita aliar-se à extrema-direita, Merkel ficou limitada à concretização dessa inédita coligação Jamaica.

 

Diferenças em questões fundamentais

 

Tal como se antecipava, são duas as áreas que representam os maiores obstáculos: imigração e clima.

Os Verdes exigem a restauração do direito de reunificação familiar para os refugiados na Alemanha, um direito suspenso até Março de 2018. Já a CSU, que depois das eleições federais responsabilizou a política de portas abertas de Merkel pela subida da extrema-direita, pretende prolongar essa suspensão.

 

Quanto ao clima, os ambientalistas defende uma política agressiva de redução das emissões de gases de efeito estufa, isto numa altura em que as emissões de dióxido de carbono da Alemanha têm aumentado pese embora o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas. Ainda esta quarta-feira, Merkel admitia as dificuldades da Alemanha em cumprir os limites acordados em Paris. 

 

Apesar das dificuldades já foram conseguidos alguns avanços. Os Verdes aceitam desistir de estabelecer 2030 como o limite para automóveis a gasolina e a gasóleo e para o encerramento de centrais eléctricas a carvão. Porém, a CSU considera que estas cedências dos ecologistas não são suficientes.

 

Também o pró-empresas FDP não quer contemplar medidas que penalizem o sector empresarial, sendo que os liberais se mostram disponíveis para uma redução da carga fiscal inferior aos 40 mil milhões de euros defendidos durante a última campanha eleitoral.

 

Contudo existe um factor que favorece a concretização da aliança Jamaica e que deverá prevalecer sobre os cálculos partidários favoráveis ao respectivo eleitorado. Se fracassassem as negociações, a Alemanha poderia ter de realizar eleições antecipadas, um cenário que os partidos mais moderados querem evitar depois de em Setembro a CDU e o SPD terem perdido votos e a extrema-direita ter entrado no Bundestag pela primeira vez desde a Segunda Guerra.

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