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Liz Truss culpa "ortodoxia económica" pela queda do seu governo
Aquela que foi a primeira-ministra britânica pelo mais curto espaço de tempo diz não ter tido "uma hipótese realista" de implementar o seu programa de governo.
A ex-primeira-ministra britânica Liz Truss culpa a "ortodoxia económica" do país, e em certa medida do Partido Conservador, que governa o Reino Unido, de ser a responsável pela queda do seu executivo, atrapalhando o que diz ser o seu "plano de crescimento".
Num artigo de opinião no Sunday Telegraph, afirma acreditar que a sua receita para a Grã-Bretanha - cortando impostos e removendo algumas regulamentações - era a mais adequada.
Para Truss, tal não teve sucesso por causa Mas ela não teve sucesso porque, destacou no artigo de opinião, subestimou "a bolha de interesses investidos" e a "ortodoxia".
"Não digo ser inocente no que aconteceu, mas fundamentalmente não tive uma hipótese realista de implementar minhas políticas por causa do poder económico instalado, muito poderoso, a que se somou a falta de apoio político", escreveu.
"Assumi que ao entrar em Downing Street, o meu mandato seria respeitado e aceite. Como estava errada. Ainda que esperasse resistência ao meu programa, subestimei sua extensão."
Truss adianta também que subestimou "a resistência dentro do Partido Conservador em mudar para uma economia com impostos mais baixos e menos regulada".
"Como repeti durante a campanha para a liderança, eu queria alcançar crescimento... Mas isso não estava de acordo com as visões do Tesouro [Ministério das Finanças] ou do ecossistema económico ortodoxo", frisou no artigo de opinião.
O mandato de Truss foi interrompido no ano passado, depois de apresentar um mini-orçamento com grandes cortes de impostos, mas quase sem financiamento para tais medidas. A proposta apresentada afundou a libra e ameaçou a estabilidade financeira da Grã-Bretanha levando mesmo o Banco de Inglaterra a ter de intervir.
Truss foi assim a primeira-ministra com o mandato mais curto no Reino Unido de apenas 45 dias. O orçamento ainda foi revertido, quase na sua totalidade, mas a então primeira-ministra nunca recuperou a confiança.