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Le Pen roubou palco a Macron com visita a fábrica da Whirlpool que vai ser encerrada
Enquanto Macron se reunia na sua cidade-natal de Amiens com uma delegação de representantes de funcionários de uma unidade fabril que será encerrada, Le Pen apareceu de surpresa junto dos trabalhadores da fábrica para lembrar que enquanto o seu rival "está com os oligarcas (…) eu estou junto dos trabalhadores franceses".
A campanha para a segunda volta das presidenciais francesas de 7 de Maio animou esta quarta-feira, 26 de Abril, dia em que a candidata Marine Le Pen estragou os planos de um Emmanuel Macron que acabou uma acção de campanha vaiado.
Estava o candidato centrista reunido, na sua cidade-natal de Amiens, com uma delegação de representantes de funcionários de uma unidade fabril da Whirlpool, localizada naquela localidade, que será encerrada no próximo ano, quando Le Pen apareceu de surpresa no parque de estacionamento dessa fábrica para participar numa greve organizada pelos trabalhadores da mesma.
Numa acção televisionada e pontuada com várias "selfies" tiradas pela candidata com trabalhadores daquela unidade, a auto-intitulada "candidata do povo" lembrou que enquanto "Macron está com os oligarcas" ela está "no lugar a que pertence". "Eu estou junto dos trabalhadores franceses", atirou.
À #Amiens où je suis allée rencontrer et soutenir les salariés de #Whirlpool. Avec moi, leur usine ne fermera pas ! pic.twitter.com/6529H1y1HP
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) 26 de abril de 2017
Aparentemente funcionou a estratégia de Le Pen, que foi recebida com entusiasmo pelos trabalhadores grevistas, oportunidade aproveitada pela candidata presidencial para frisar que enquanto o seu rival estava confortavelmente reunido com delegados sindicais no conforto do edifício da câmara de comércio local, ela estava ali, perto de quem precisa. A campanha de Macron reagiu prontamente criticando o aproveitamento político feito por Le Pen.
Contudo a imprensa gaulesa sinaliza que elementos do movimento Em Marcha (lançado há menos de um ano por Macron) consideram que o candidato centrista deve também subir a parada para impedir que a candidata capitalize junto dos sectores mais descontentes da sociedade francesa, considerando que o ex-ministro da Economia não deve relaxar devido à larga vantagem nas sondagens.
Pouco depois, quando o próprio Macron chegou às imediações da unidade fabril foi vaiado pelos trabalhadores em greve, com gritos de "queremos trabalhar". Esta fábrica da Whirlpool, onde trabalham praticamente 300 funcionários, será deslocalizada para a Polónia. Macron afiançou no Twitter que a resposta a estes problemas não passa por "suprimir a mundialização nem fechar as fronteiras, e quem vos diz isso está a mentir".
La réponse à ce qui vous arrive n’est pas de supprimer la mondialisation ou de fermer les frontières.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) 26 de abril de 2017
Ceux qui vous disent ça vous mentent.
Le Pen ajustou a sua campanha de cara à segunda volta, tendo suspendido a presidência da Frente Nacional para surgir perante o eleitorado como uma candidata pela França, tendo inclusivamente mudado o slogan de campanha para "Escolhe França", numa clara aposta num discurso antiglobalização. Durante esta manhã em Amiens, Le Pen repetiu aos trabalhadores a garantia de que "comigo a fábrica não fechará".