Os apoiantes do movimento esquerdista França Insubmissa, liderado por Jean-Luc Mélenchon, que na primeira volta das presidenciais francesas de 23 de Abril conseguiu mais de 19,5%, merecendo a confiança de cerca de 7 milhões de eleitores, estão divididos em três parcelas idênticas, entre quem no dia 7 de Maio vai votar branco ou nulo, em Macron ou optar por se abster.

 

Uma consulta de opinião online levada a cabo pela plataforma França Insubmissa, questionou os cerca de 450 mil apoiantes do movimento sobre a orientação de voto para o segundo turno de domingo, excluindo à partida a opção de voto na candidata de extrema-direita, Marine Le Pen.

 

Os pouco mais de 230 mil eleitores de Mélenchon que responderam tinham três opções: branco ou nulo, abstenção ou voto em Emmanuel Macron. Os resultados conhecidos esta terça-feira, 2 de Maio, mostram que 36,12% responderam que na segunda volta irão votar branco ou nulo, 34,83% que vão colocar a cruz no quadradinho de Macron e os restantes 29,05% que preferem abster-se.

 

Retrouvez le résultat de la consultation des insoumis.es sur le second tour de l'élection présidentielle.
?? https://t.co/L2iKUC3gPI pic.twitter.com/6I8GNPjDaT

— Jean-Luc Mélenchon (@JLMelenchon) 2 de maio de 2017

Olhando para os resultados deste estudo pode concluir-se que em torno de 65% do eleitorado de Mélenchon não irá votar em Macron. Mélenchon foi muito criticado nos últimos dias por ter recusado manifestar o seu apoio a Macron sustentando, ainda na noite eleitoral de 23 de Abril, que não dispunha de nenhum mandato do França Insubmissa para dar uma indicação de voto. Esta posição fez com que Le Pen se voltasse para o eleitorado de Mélenchon e, já depois de ter suspendido a liderança da Frente Nacional, a candidata presidencial distribuiu panfletos onde se propunha mostrar a proximidade dos programa da FN e do França Insubmissa.

 

No entanto, depois de o seu porta-voz, Alexis Corbière, ter excluído como possibilidade a defesa do voto em Le Pen, no passado fim-de-semana foi o próprio Mélenchon a afirmar que não existem dúvidas de que não votará em Le Pen.

 

Em editorial, o Le Monde escreve que uma certa ambiguidade na posição de Mélenchon, um político que se assume como opositor do programa político de Macron, se justifica com o facto de este "recusar, em nome da unidade do seu movimento, apelar ao voto em Macron".

 

Macron lidera as sondagens com uma vantagem de cerca de 20 pontos percentuais para Le Pen, contudo a candidata de extrema-direita tem vindo a recuperar algum terreno nas sondagens.