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Juppé não cede à pressão e não substitui Fillon como candidato ao Eliseu

O actual presidente da câmara de Bordéus e candidato derrotado nas primárias do centro-direita anunciou que não será candidato à presidência francesa, isto apesar da pressão para que substitua o candidato d’Os Republicanos.

Reuters
06 de Março de 2017 às 10:52
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Alain Juppé anunciou esta segunda-feira, 6 de Março, que não será candidato nas eleições presidenciais francesas, cuja primeira volta está agendada para o final de Abril. O presidente da câmara de Bordéus e antigo primeiro-ministro francês admitiu que tem sido pressionado no sentido da substituição de François Fillon como candidato d’Os Republicanos ao Eliseu, contudo considera que é demasiado tarde uma vez que falta somente cerca de mês e meio até ao acto eleitoral.

 

Em conferência de imprensa realizada esta manhã em Bordéus, o autarca e candidato derrotado por Fillon nas primárias do partido de centro-direita criticou a "obstinação" do também antigo primeiro-ministro gaulês, cada vez mais sob fogo das críticas devido ao escândalo relacionado com o recurso a dinheiros públicos para atribuir empregos alegadamente fictícios a familiares (mulher e dois filhos).

Juppé reconheceu ter reflectido sobre a possibilidade de avançar para o Eliseu, contudo assume ter chegado à conclusão de que é já demasiado tarde para essa hipótese, pelo que "confirmo de uma vez por todas que não irei avançar", sustentando que "não estou preparado".

 

"Os franceses querem uma renovação que eu não posso providenciar. Para mim é demasiado tarde, mas nunca é tarde para a França", atirou ainda Alain Juppé afiançando não pretender envolver-se nas negociações partidárias que deverão ainda ter lugar.

 

Apesar de não querer participar nas conversações que Os Republicanos deverão ter antes ainda das eleições, Juppé foi convidado por Nicolas Sarkozy, ex-presidente francês e também candidato derrotado por Fillon nas primárias de 2016, para um encontro a decorrer ainda esta segunda-feira.

Sarkozy também convidou para esta reunião o próprio Fillon, anunciando ser agora importante assegurar uma "digna e credível saída para esta situação que não pode prolongar-se e que é fonte de grande preocupação para o povo francês".

 

Depois de vencer com relativa surpresa as primárias do centro-direita, Fillon surgia como grande favorito à vitória nas presidenciais de Abril, aparecendo então como o candidato mais capaz de derrotar na provável segunda volta a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen. Em perda eleitoral, François Fillon é cada vez mais foco de críticas, especialmente depois de ter dado o dito por não dito, não se retirando da corrida presidencial apesar de já estar a ser formalmente investigado pelas autoridades judiciárias gaulesas.

Este domingo, numa entrevista à France 2, quando questionado sobre uma eventual desistência, Fillon respondeu que "claro que não (...) ninguém pode impedir-me de ser candidato", reiterando a sua candidatura e pedindo desculpa aos franceses. Fillon considera que este processo é uma tentativa de "assassinato político". 

 

Mas desde que rebentou o escândalo em torno da conduta de Fillon, o candidato d’Os Republicanos tem vindo a perder terreno nos estudos de opinião, com as sondagens a colocarem agora o candidato independente Emmanuel Macron como o principal e mais provável opositor de Le Pen, que surge com presença quase certa no segundo turno eleitoral.

 

Já Alain Juppé, inicialmente o candidato do centro-direita melhor colocado para derrotar Le Pen, surgia nos últimos dias, numa altura em que se aventava a possibilidade de substituição de Fillon na corrida presidencial, à frente de Macron nas sondagens. Estudos da Odoxa (realizado em 1 e 2 de Março) e da Kantar Sofres (feito entre 2 e 4 de Março) colocavam Juppé como o segundo mais votado no primeiro turno logo atrás de Le Pen. Para o autarca de Bordéus "nunca durante a quinta República houve uma eleição realizada em condições tão confusas". 

Entretanto, uma sondagem do Opinion Lab para o Les Echos, conhecida esta manhã, atribui na primeira volta 27% a Le Pen, 24% a Macron e 19% a Fillon. Segundo este estudo, Macron venceria (60%) uma segunda volta disputada com Le Pen (40%), sendo que também Fillon (56%) derrotaria a candidata da Frente Nacional (44%) num hipotético segundo turno entre os dois. 

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