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Le Pen quer sair do euro e lembra que exportações francesas iam beneficiar
A candidata à presidência francesa especificou aquilo que faria depois de França abandonar a moeda única. Le Pen introduziria um novo franco e garante que isso iria ser positivo para o sector exportador francês.
Em plena campanha eleitoral, Marine Le Pen continua não só a defender posições anti-União Europeia e anti-euro, como apresenta de forma cada vez mais concreta as medidas que pretende implementar se for eleita presidente da França. A líder da Frente Nacional defende há muito a saída da Zona Euro, contudo nunca havia explicado o que faria depois de abandonar a moeda única europeia.
Mas esta quarta-feira, 8 de Março, Le Pen afirmou que depois de sair do euro introduziria um novo franco, cuja cotação ficaria ligada ao euro, provavelmente através do estabelecimento de um valor cambial mínimo e máximo relativamente à moeda europeia, intervalo dentro do qual a nova divisa gaulesa poderia flutuar.
A candidata presidencial disse ainda, em entrevista à estação de rádio RTL, que provavelmente o novo franco iria sempre cair contra qualquer que seja a moeda utilizada pela Alemanha, o que seria benéfico para as exportações francesas, que ganhariam competitividade.
Por outro lado, Le Pen notou que a nova divisa gaulesa deveria ter uma cotação mais elevada do que a moeda italiana, um país que no entender da líder da Frente Nacional também beneficiaria com o abandono do euro.
A agência Bloomberg recorda que a perspectiva de Le Pen em relação à pertença à UE e ao euro tem vindo a evoluir ao longo da campanha eleitoral. Primeiro nem sequer falava em concreto sobre a saída do bloco do euro, referindo-se somente à necessidade de restaurar "soberania monetária".
Depois evoluiu falando concretamente sobre a saída da Zona Euro, embora sem explicar como se processaria tal saída. E agora defendeu uma ligação do novo franco ao euro, isto apesar de anteriormente ter referido que qualquer nova moeda francesa seria indexada ao cabaz de moedas, podendo flutuar livremente nos mercados cambiais.
No entanto Le Pen tem sido consistente quanto à necessidade de França reconquistar independência monetária, até pela necessidade de imprimir dinheiro para financiar as políticas defendidas pela Frente Nacional, que pressupõe um grande aumento da despesa pública.
Com o aproximar das eleições, com a primeira volta das presidenciais agendada para o dia 23 de Abril, Le Pen vem extremando posições em relação a Bruxelas. Já esta semana garantiu que, se for eleita presidente, irá promover um referendo sobre a continuação de França na UE. E como defende a saída do projecto europeu, Le Pen afiança que se perdesse o referendo se demitiria e abandonaria o Eliseu.
As sondagens divulgadas em Março colocam Le Pen com intenções de voto na casa dos 26%, tornando quase certa a presença da candidata da Frente Nacional na segunda volta. É também crescente a probabilidade de ser o centrista Emmanuel Macron a garantir uma ida ao segundo turno, com o candidato independente a aproximar-se de Le Pen ao alcançar 25% das intenções de voto.