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Judeus alemães temem que refugiados sejam anti-semitas

Representantes do Conselho Central de Judeus na Alemanha temem que a origem dos refugiados possa gerar conflitos com os judeus a viver na Alemanha. Os líderes judeus temem conflitos sociais e confrontos anti-semitas.

Reuters
27 de Outubro de 2015 às 21:01
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Alguns líderes judeus temem que os refugiados, que todos os dias chegam à Alemanha, possam ter posições anti-semitas e fazer demonstrações de hostilidade e preconceito contra os judeus alemães. As preocupações e avisos foram transmitidos, esta terça-feira, 27 de Outubro, à chanceler alemã, Angela Merkel, durante um encontro com o Governo. Os representantes do Conselho Central de Judeus na Alemanha destacam que o elevado fluxo de refugiados que procura a maior economia europeia pode aumentar o risco de conflitos sociais.

Os líderes judeus defenderam que a maioria dos refugiados vêm de muitos países onde "Israel é visto como o inimigo", e que "estes preconceitos são normalmente projectados nos judeus em geral". Os líderes da União Democrata-Cristã (CDU), o partido de Angela Merkel, responderam que qualquer acção anti-semita será "firmemente resolvida", escreve a Bloomberg.


Com a popularidade da chanceler alemã a diminuir e muitos membros do seu Governo de coligação a pedir que se coloque um termo ao fluxo de refugiados a entrar no país, Angela Merkel alertou que não se deve esperar uma resolução rápida. "Temos de agir passo-a-passo", pediu a líder alemã, durante uma conferência de imprensa em Berlim.


Merkel, que cresceu na Alemanha dividida, na parte Este (RDA), tem vindo a reforçar que a Europa não pode erguer novos muros e deve receber os refugiados de guerra. Anton Boerner, director da Federação da Indústria Exportadora da Alemanha, elogia a posição da líder alemã. "Merkel é a única política na Europa que de alguma forma está a saber conduzir este 'concerto'".

No último domingo, 25 de Outubro, uma mini-cimeira europeia convocada pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de que Merkel foi a principal impulsionadora, chegou a acordo para o reforço da capacidade dos centros de recepção de refugiados em 100 mil novas vagas. Estabeleceu ainda a necessidade de reforço do patrulhamento marítimo, em especial no Mar Egeu, por onde passa grande parte dos refugiados provenientes do Médio Oriente e que chegam a solo europeu através da Turquia.


A Alemanha já anunciou que vai manter, até ao final deste mês, o controlo das fronteiras, implementado no dia 13 de Setembro e que suspendeu o acordo de Schengen sobre a livre circulação de pessoas no espaço europeu, a fim de travar o fluxo de dezenas de milhares de refugiados. No entanto, a Alemanha é o país europeu que vai receber, mais refugiados no âmbito do plano da Comissão Europeia para a distribuição de um total de pelo menos 160 mil migrantes.

A crise de refugiados tem sido acompanhada de tensões sociais. Ainda durante a manhã desta terça-feira, 27 de Outubro, o Parlamento Europeu multou e suspendeu durante dez dias a actividade de dois eurodeputados por apologia ao nazismo. Estes eurodeputados haviam protestado contra a entrada de migrantes, nomeadamente com uma saudação nazi durante a sessão plenária. A suspensão dos eurodeputados, Gianluca Buonanno, italiano, e Janusz Korwin-Mikke, polaco, já tinha sido decidida a 14 de Outubro e foi esta terça-feira ratificada pela mesa do Parlamento Europeu, presidida por Martin Schulz. O eurodeputado polaco fez a saudação nazi na sessão plenária de Julho e em Setembro referiu-se aos migrantes como "lixo humano". Já o italiano decidiu vestir, no dia 6 de Outubro, uma camisola com a cara da chanceler alemã misturada com imagens de Hitler e fez também a saudação nazi.

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