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Governo holandês vai avaliar se declarações do ministro das finanças foram "repugnantes"

O Governo holandês já fez saber que pediu acesso às palavras exatas que foram proferidas pelo ministro Wopke Hoekstra para avaliar se foram, ou não, "repugnantes", como acusa António Costa.

Wopke Hoekstra (ao centro) terá dito que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha LUSA_EPA
27 de Março de 2020 às 11:14
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O primeiro-ministro, António Costa, qualificou de "repugnante" e contrária ao espírito da União Europeia (UE) uma declaração do ministro das Finanças holandês pedindo que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia.

 

O Governo holandês já fez saber que pediu acesso às palavras exatas que foram proferidas pelo ministro Wopke Hoekstra para avaliar se foram, ou não, "repugnantes", como acusa António Costa.

 

Este pedido da transcrição surge depois da TSF ter solicitado ao governo holandês uma reação às palavras de António Costa. O porta-voz do ministro das finanças prometeu à rádio portuguesa responder ainda hoje, adiantando que, após o pedido da TSF, solicitou ao Eurogrupo uma transcrição das palavras do ministro na reunião com homólogos dos 27.

 

Hoekstra afirmou, numa videoconferência com homólogos dos 27, que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos, segundo fontes europeias citadas na imprensa europeia.

"Esse discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia. E a expressão é mesmo essa. Repugnante", disse António Costa na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho Europeu extraordinário desta quinta-feira, quando questionado sobre a declaração do ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra.


Para o primeiro-ministro, a afirmação do ministro holandês "é uma absoluta inconsciência" e uma "mesquinhez recorrente" que "mina completamente aquilo que é o espírito da UE e que é uma ameaça ao futuro da UE".

"Se a União Europeia [UE] quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar um resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver", indignou-se António Costa.

"Se não nos respeitamos uns aos outros e se não compreendemos que, perante um desafio comum, temos de ter capacidade de responder em comum, então ninguém percebeu nada do que é a União Europeia", frisou.

O primeiro-ministro considerou ser "boa altura" de todos na União "compreenderem que não foi a Espanha que criou o vírus" ou "que importou o vírus", salientando que "se algum país da UE pensa que resolve o problema do vírus deixando o vírus à solta noutro país, está muito enganado".

"Porque numa União Europeia que assenta na liberdade de circulação, de pessoas e bens, em fronteiras abertas, o vírus não conhece fronteiras", afirmou.

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