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Embaixador russo morto em atentado que remete para Aleppo

O Kremlin assegura que as relações com a Turquia não serão prejudicadas pelo ataque ao embaixador russo. Mas as divergências entre Moscovo e Ancara sobre a Síria são uma realidade. Putin quer descobrir "quem deu a ordem".

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19 de Dezembro de 2016 às 21:06
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O embaixador russo em Ancara, Andrey Karlov, foi assassinado na sequência de um ataque realizado esta segunda-feira durante a inauguração de uma exposição fotográfica - "A Rússia através de olhos turcos" - numa galeria de arte em Ancara, capital turca. O diplomata, embaixador na Turquia desde 2013 e com boa parte da carreira feita na Coreia do Norte, acabou por não resistir aos ferimentos, tendo morrido minutos depois do ataque.

O incidente de que foi alvo o embaixador russo e que terá causado mais três feridos surge num momento de tensão a propósito da acção russa na Síria. Na primeira declaração oficial, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou mesmo que este assassinato é uma "provocação dirigida a enfraquecer o processo de paz para a Síria". O Kremlin considera que se tratou de um "ataque terrorista" e para Moscovo agora só há uma prioridade: "Saber quem deu a ordem" deste ataque, disse Putin.

Atentado pela Síria

"Não se esqueçam da Síria! Não se esqueçam de Aleppo!", foram os gritos audíveis antes do ataque se materializar. "Deus [Alá] seja louvado", também foi repetido pelo autor, que as autoridades turcas confimaram tratar-se de um polícia destacado para fazer a segurança do evento.


Ancara e Moscovo estavam a cooperar nas negociações relacionadas com a imposição de um novo cessar-fogo na cidade síria de Aleppo. Estava agendado para esta terça-feira um encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, e o homólogo russo, Sergey Lavrov, para analisar o conflito na Síria.


Nesta altura é ainda cedo para concluir acerca dos motivos que estiveram por detrás deste ataque, não se sabendo ainda sequer se o autor do ataque actuou enquanto "lobo solitário", ou se foi apoiado e por quem. São inúmeras as organizações extremistas islâmicas que operam em território sírio. A Turquia tem também sido palco de diversos ataques terroristas nos últimos meses.

Sendo que este ataque surgiu num momento em que o regime sírio do presidente Bashar al-Assad já recuperou praticamente o controlo total sobre a cidade de Aleppo. Até há pouco tempo um dos últimos bastiões das forças extremistas sunitas na Síria, que há mais de cinco anos combatem o exército leal a Damasco. Assad contou com o decisivo apoio militar aéreo russo e ainda com a cooperação, no terreno, de forças militares do Irão e do Líbano (Hezbollah) - dois Estados rivais da Turquia.

 

Relações turco-russas outra vez em causa?

Apesar das garantias vindas de Moscovo de que as relações bilaterais não sairão beliscadas, subsistem dúvidas. No resfriar das relações turco-russas esteve o derrube de um avião militar russo por parte do exército turco, em Novembro de 2015. No Verão deste ano as relações foram normalizadas depois de o presidente Erdogan ter pedido formalmente desculpa a Moscovo.

Relativamente à questão síria, os dois países mantêm profundas divergências. Se Moscovo tem no regime do alauita Assad o principal aliado no Médio Oriente e está, desde Setembro de 2015, a combater com recurso a meio aéreos junto das forças leais a Damasco, o regime de Ancara é favorável aos rebeldes sunitas que combatem o presidente sírio. Nesta altura é cada vez mais um dado adquirido de que, independentemente da configuração final do pós-guerra na Síria, o país continuará a ser governado por Assad. Putin terá mais razões para sorrir do que Erdogan.

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