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Merkel assume que incidente em Berlim foi "ataque terrorista"

A chanceler alemã mostra-se "chocada" com o incidente, diz que o Governo "assume" ter-se tratado de um "ataque terrorista" e que "seria particularmente repugnante" se o perpetrador for um refugiado. Extrema-direita tenta capitalizar.

A segunda posição é ocupada pela chanceler alemã Angela Merkel, que subiu da quinta posição para o pódio. Merkel “é a espinha dorsal dos 28 membros da União Europeia, e as suas acções decisivas sobre o problema dos refugiados sírios e sobre o problema da dívida grega ajudaram-na a subir nesta listagem”.
Bloomberg
20 de Dezembro de 2016 às 10:43
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Angela Merkel confirmou o que já todos tinham como adquirido. A morte de pelo menos 12 pessoas esta segunda-feira, depois de um camião ter entrado por um mercado de natal adentro em Berlim, resulta de um atentado.

A chanceler alemã, que falou publicamente sobre o sucedido pela primeira vez na manhã desta terça-feira, 20 de Dezembro, referiu que "tendo em conta a actual informação" o Governo "tem de assumir que estamos a lidar com um ataque terrorista". 

Numa altura em que a imprensa alemã avança que o principal suspeito, já detido e interrogado pela polícia germânica, é natural do Paquistão e entrou na Alemanha enquanto requerente de asilo após ter percorrido a rota dos Balcãs, Merkel reconhece que "seria particularmente difícil para todos nós suportar se fosse confirmado que a pessoa que cometeu este crime tivesse pedido protecção e asilo na Alemanha".

 

"Seria particularmente repugnante para os muitos muitos alemães que se dedicaram dia após dia a ajudar refugiados", acrescentou Merkel citada pela BBC, reconhecendo ainda que seria difícil também para todas as pessoas que "realmente precisam da nossa protecção".

 

Já depois de o ministro do Interior, Thomas de Maizière, ter dito que o mercado de natal em Breitscheidplatz, Berlim, vai permanecer aberto, Merkel confirmou que irá visitar o local do atentado ainda esta terça-feira. "Este é um dia muito difícil. Como milhões de pessoas na Alemanha, estou aterrorizada, chocada e profundamente triste pelo que aconteceu", disse a governante alemã.

 

A chanceler fez questão de passar uma mensagem de confiança, garantindo que "iremos encontrar a força para continuar a viver a vida que queremos viver na Alemanha: em liberdade, abertura e em conjunto". "Não queremos viver com medo do mal", atirou. 

Além dos 12 mortos já confirmados há 48 feridos, sendo que 18 deles estão a lutar pela vida, como confirmou entretanto o ministro Maizière. A política germânica já confirmou que o cidadão paquistanês, de 23 anos de idade, considerado o principal suspeito, detinha uma permissão de residência temporária desde Junho deste ano. Sendo que Maizière revelou que este suspeito, que não consta em nenhuma base de dados de suspeitos de terrorismo, rejeita qualquer envolvimento no atentado. 

 

Ainda antes de o Governo alemão se referir ao incidente como atentado, já os Estados Unidos se referiam ao caso "parecendo ter sido um ataque terrorista". Pelo seu lado, o presidente eleito Donald Trump responsabilizou o Estado Islâmico e outros grupos islâmicos por este "horrível ataque de terror". O presidente russo, Vladimir Putin, também falou sobre o assunto considerando tratar-se de um ataque "selvagem no seu cinismo". 



Extrema-direita e CSU criticam política de imigração de Merkel

 

Frauke Petry, a líder do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), em crescendo nas sondagens e com presença reforçada nos parlamentos regionais alemães, não perdeu tempo e já veio defender que "o mercado de Natal não foi um alvo acidental". "Não foi só um ataque à nossa liberdade e ao nosso estilo de vida, mas à nossa tradição cristã", prosseguiu Petry num comunicado citado pelo The Guardian.

 

Com as legislativas alemãs agendadas para o próximo ano, o AfD não deixou de aproveitar a oportunidade para abordar a política de Merkel em relação à imigração: "A Alemanha é um país dividido sobre a questão da imigração", atirou Petry para quem este é um país "que já não é seguro" depois de o meio ambiente em que estes crimes "prosperam tem sido importado sistematicamente no último ano e meio".  Petry considera que é "dever" de Merkel reconhecer isto mesmo perante o país.

 

O partido-irmão da CDU de Merkel, o bávaro CSU, pela voz do seu líder, Horst Seehofer, pediu uma mudança das políticas de imigração do Governo alemão. "Devemos isso às vítimas, àqueles afectados [pelo atentado] e a toda a população, temos de repensar a nossa imigração e política securitária e mudá-las", afirmou Seehofer, líder do partido que, ao contrário da prática habitual, não marcou presença no recente congresso da CDU que assinalou a reeleição de Angela Merkel. 

 

Confrontada com uma inédita vaga de refugiados desde a Segunda Guerra e a oposição de vários países da Europa Central (como a Polónia, a Hungria ou a Eslováquia) ao acolhimento de requerentes de asilo, Merkel anunciou no Verão do ano passado uma política de abertura à recepção de cidadãos oriundos dos países mais afectados pelos conflitos, fome e pobreza nas regiões do Médio Oriente e Norte de África.

 

"Vamos conseguir", proclamou então a líder germânica numa tomada de posição que surgiu em contraciclo face ao reforço das políticas restritivas em relação aos refugiados que vem ganhando força na Europa.

 

Tendo em conta a pressão sobre o seu Governo, Merkel anunciou em Abril um conjunto de medidas mais restritivas ao acolhimento de refugiados, obrigando a que os requerentes de asilo tenham de integrar-se de forma mais efectiva na sociedade alemã por forma a poderem viver e trabalhar no país, bem como ter acesso ao pacote total de apoios financeiros aos refugiados.

 

Já em Maio, durante o Congresso do AfD, este partido confirmou a sua índole anti-imigração e anti-islão, sustentando que a Constituição germânica não é compatível com o islão. Merkel, apesar de algumas concessões em relação à sua política sobre refugiados, reafirmou no Verão que quiseram minar o nosso sentido de comunidade, a nossa abertura e a nossa vontade de ajudar as pessoas necessitadas. Devemos rejeitar isso firmemente".

(Notícia actualizada pela última vez às 11:53)

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