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Cameron tem "dúvidas" sobre nova lei do Brexit de Johnson
Depois dos ex-primeiros-ministros conservadores Theresa May e John Major, também David Cameron vem criticar a legislação britânica promovida por Boris Johnson que ameaça violar as disposições que Londres e Bruxelas incluíram no acordo de saída.
O antigo primeiro-ministro conservador, David Cameron, é a mais recente voz a juntar-se ao coro de críticas de antigos chefes de governo contra a legislação que foi submetida ao parlamento britânico pelo executivo "torie" chefiado por Boris Johnson.
Cameron, o líder responsável pela marcação do referendo de 2016 que deu a vitória ao Brexit, disse esta segunda-feira, em declarações citadas pelo The Guardian, ter "dúvidas" sobre a legislação em causa, que considera não poder ser vista como "solução de último recurso".
"Aprovar uma lei do parlamento e depois violar as obrigações de um tratado internacional é a última, mesmo a última coisa que se deve contemplar", defendeu o antigo líder dos "tories".
Cameron junta-se assim aos ex-primeiros-ministros do Partido Conservador, Theresa May e Jonh Major, e ainda ao ex-líder conservador, Michael Howard, que já vieram a público criticar as intenções de Boris Johnson, que consideram poder pôr em causa a reputação internacional do Reino Unido.
Também o antigo secretário-geral trabalhista e ex-primeiro-ministro, Tony Blair, teceu duras críticas à tentativa do atual governante britânico desvirtuar o acordo de saída alcançado entre a União Europeia e o Reino Unido perto do final do ano passado.
Na semana passada, o Financial Times noticiou que o governo britânico estava a ultimar um conjunto de leis com o objetivo de desvirtuar o acordo de saída, em especial no que concerne ao polémico estabelecimento de uma fronteira aduaneira e regulatória no Mar da Irlanda.
Perante tal possibilidade, a UE avisou estar na disposição de recorrer aos tribunais se o Reino Unido violar o direito internacional ao desrespeitar os termos mutuamente acordados.
Londres e Bruxelas continuam sem conseguir avançar o necessário de forma a garantir um acordo de parceria económica para o pós-período de transição. Até 31 de dezembro próximo, mantém-se em vigor o período de transição iniciado a 1 de fevereiro na sequência da saída formal britânica da UE, transição esta que implica que o Reino Unido se mantenha dentro do mercado único e da união aduaneira, pese embora já sem representação nas instituições comunitárias.