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António Vitorino: A Europa precisa de imigração legal

A Europa precisa de imigração legal pelo impacto positivo que tem na economia de cada país e é "pura demagogia" dizer que os imigrantes são um peso para o Estado social, defende o ex-comissário europeu António Vitorino.

Miguel Baltazar
27 de Dezembro de 2015 às 11:50
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"Sou da opinião de que a Europa precisa de imigração legal e que essa imigração tem um efeito positivo no sentido do rejuvenescimento da população, (…) do dinamismo [da economia] (…) e do ponto de vista financeiro", disse o ex-comissário europeu em entrevista à agência Lusa.

Vitorino assegurou não querer "pintar um quadro cor-de-rosa" e ter "perfeita consciência" das tensões sociais que resultam da diversidade étnica, linguística, cultural e religiosa, mas considerou que "as sociedades europeias são suficientemente fortes para enfrentarem esses desafios" e "resistir à pressão populista".

"Estes fluxos migratórios têm obviamente um aspecto positivo do ponto de vista financeiro. É uma pura demagogia dizer que eles são um peso para o Estado social, pelo contrário. Em todos os países que conheço, os estudos que foram feitos mostram todos que normalmente os imigrantes são mais contribuintes líquidos do que recebedores líquidos dos sistemas de segurança social", acrescentou.

Segundo Vitorino, isso ocorre porque os imigrantes são em regra jovens que entram no mercado de trabalho, pagam impostos e contribuições sociais.

Essa juventude contribui por outro lado para rejuvenescer as envelhecidas sociedades europeias e introduzir dinamismo na economia.

"Não há aqui soluções mágicas. A imigração não resolve o problema do envelhecimento das sociedades europeias. O problema tem outras raízes e outras causas que têm que ser objecto de outras políticas públicas dirigidas aos cidadãos europeus. Mas obviamente que a imigração, sobretudo porque os imigrantes têm normalmente uma idade jovem, é uma parte da resposta", afirmou.

A entrada de imigrantes tem também "um aspeto positivo de dinamismo", porque envolve pessoas que "não estão acomodadas" e podem, se forem bem integradas, distinguir-se "no domínio do empreendedorismo, da inovação, da diversidade cultural".

Tudo depende da boa integração dos imigrantes, a qual pode ser facilitada por políticas públicas, sobretudo se assumidas "a sério", em linha com os valores europeus.

"O caso da Alemanha é talvez um caso exemplar. Até ao momento, a prova que está a ser feita é que, com uma liderança política clara, com vontade política e com a coragem de enfrentar aquilo que muitas vezes se pensa que é a opinião pública dominante, em nome de valores e de princípios humanistas e de solidariedade, é possível ganhar o debate", disse.

"Até este momento, a Alemanha é talvez o país da linha da frente onde este debate entre a deriva populista, a xenofobia, o fechar-se sobre si próprio, o pensar pequenino e mesquinho, é confrontado por um poder político que assume a dificuldade de integrar essas pessoas na sociedade em nome de valores e princípios que são a negação do radicalismo e da violência, sejam eles dos movimentos de extrema-direita que existem na Europa ou do terrorismo ‘jihadista’", explicou.

"O combate é em duas frentes mas eu confio que as democracias europeias são suficientemente fortes para o ganharem", assegurou o ex-comissário da Justiça e Assuntos Internos (1999-2004).

 

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