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Estrangeiros em Portugal são mais jovens e mais qualificados que os nacionais

A população ativa em Portugal tem vindo a aumentar desde de 2018 mas apenas pela entrada de estrangeiros para o mercado de trabalho. São sobretudo brasileiros, italianos e britânicos.

Miguel Baltazar/Negócios
10 de Outubro de 2019 às 13:15
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A população estrangeira a residir em Portugal é mais jovem e tem níveis de escolaridade médios superiores aos dos nacionais. Estes são dois dos fatores que explicam que desde meados do ano passado esteja a dar um contributo determinante para evitar a queda da população ativa no país. A conclusão consta de um estudo feito pelo Banco de Portugal, incluído no Boletim Económico de outubro, apresentado esta quinta-feira.


O envelhecimento da população é um dos desafios fundamentais para o mercado de trabalho português: com mais população idosa, os portugueses em idade para trabalhar têm vindo a diminuir. Mas os imigrantes estão a dar uma ajuda fundamental para evitar a quebra da oferta de trabalho, que restringe as potencialidades de crescimento da economia nacional. 


"Desde meados de 2018 a população ativa estrangeira tem permitido sustentar a evolução da população ativa em Portugal", lê-se no relatório do Banco de Portugal. São sobretudo brasileiros que vieram viver para Portugal, mas também italianos e britânicos.


De acordo com o estudo dos economistas do banco, baseado no inquérito ao emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro semestre de 2019 havia 198 mil residentes estrangeiros em Portugal em idade ativa (ou seja, entre os 15 e os 64 anos), o equivalente a 3% da população total neste escalão etário. Destas quase 200 mil pessoas, 158 mil participavam ativamente no mercado de trabalho (ou estavam a trabalhar, ou à procura de emprego) e 87% tinham emprego.


Comparando com a população nacional, verifica-se que os estrangeiros têm uma taxa de atividade superior: é de 80%, mais quatro pontos percentuais do que a dos nacionais. Também se verifica que os estrangeiros em Portugal apresentam uma taxa de atividade "das mais elevadas da área do euro", cerca de oito pontos percentuais acima da média, enquanto os nacionais portugueses não se destacam tanto.


Porque é que isto acontece?

Os economistas do Banco de Portugal sublinham que haverá muitos fatores explicativos, mas destacam dois: primeiro, esta é uma população "muito mais jovem do que a população nacional", e segundo porque "o nível de escolaridade médio da população estrangeira é superior ao da população residente nacional" e até tem aumentado mais depressa, lê-se no documento.


Olhando para os números, verifica-se que enquanto 80% dos estrangeiros residentes estão em idade ativa para trabalhar, apenas 60% dos residentes nacionais estão nas mesmas condições. Depois, nota-se que entre o primeiro semestre de 2011 e o primeiro semestre de 2019 o peso da população estrangeira residente em idade ativa duplicou de 15% para 30% – já entre os nacionais a subida foi de 17% para 26%.


O Banco de Portugal sublinha ainda que há agora menos estrangeiros residentes com formação apenas até ao ensino básico (pesam 30% do total, menos 20 pontos percentuais do que em 2011). Entre os nacionais, o peso também baixou, mas continua ligeiramente abaixo dos 50%.


O banco indica que os fluxos migratórios positivos estão muito influenciados pela recuperação cíclica da economia, mas nota que os incentivos fiscais, a perceção de Portugal como um país seguro e até o Brexit estarão a dar também um importante contributo. Tendo em conta que, pelos estudos da OCDE, Portugal continua a ser um país com fraca capacidade de atrair talentos, o banco conclui que "deverão ser reforçadas as condições internas de competitividade para atração e retenção dos jovens em idade ativa".

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