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Banco de Portugal vê economia a crescer 2%. Centeno cumpre a meta
Apesar de o ritmo de crescimento previsto ser superior ao da média do euro, o Banco de Portugal frisa que em termos reais a economia portuguesa não converge há 25 anos.
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O Banco de Portugal projeta um crescimento de 2% para este ano, um abrandamento face aos 2,4% conseguidos em 2018, mas em linha com a meta traçada pelo Governo, de 1,9%. A atualização da projeção de crescimento para a economia portuguesa consta do Boletim Económico de outubro, publicado esta quinta-feira, 10 de outubro.
Face à projeção de junho, o valor agora apresentado pela instituição liderada por Carlos Costa aparenta uma revisão em alta (no verão, o crescimento previsto para este ano era de 1,7%), mas o banco central argumenta que as projeções não são diretamente comparáveis devido à revisão da base das contas nacionais, feita pelo Instituto Nacional de Estatística, em setembro, que aumentou o nível do PIB.
Comparando com a projeção de crescimento do Banco Central Europeu para a Zona Euro, Portugal deverá crescer este ano a um ritmo superior em 0,9 pontos percentuais ao dos seus parceiros. Porém, o Banco de Portugal desvaloriza este aparente movimento de convergência da economia portuguesa com os seus pares.
"Este diferencial de crescimento positivo, que se observa desde 2016, deve ser enquadrado numa perspetiva mais longa. De facto, nos últimos 25 anos o PIB per capita português não se aproximou dos valores médios observados na União Europeia", indica o banco central. A instituição optou mesmo por aprofundar o estudo sobre o crescimento comparado de Portugal com o euro e concluiu que a convergência aconteceu apenas no período entre 1960 e 1995. Depois disso, demonstra o banco, Portugal estagnou e seu PIB per capita continuava em 2018 abaixo dos níveis de 1995.
Mais investimento, menos exportações e consumo
A expectativa do Banco de Portugal é que este ano a economia portuguesa cresça com o investimento a acelerar, mas com as exportações e o consumo a travar.
Tendo em conta a conjuntura internacional, as exportações nacionais deverão desacelerar para 2,3%, abaixo dos 3,8% registados em 2018. Ainda assim, as empresas nacionais deverão continuar a ganhar quota de mercado, "sobretudo nos setores do turismo e de produção automóvel." Sobre o setor automóvel, vale a pena dizer ainda assim que 70% do que Portugal exporta, é primeiro importado pelo país.
O consumo doméstico também deverá travar, prevendo-se um crescimento de 2,3%, abaixo dos 3,1% verificados em 2018. Como consequência, as importações também vão crescer menos avançando 4,6%, menos 1,2 pontos percentuais do que no ano passado.
Já o investimento, pelo contrário, prevê-se que acelere para um aumento de 7,2%, acima dos 5,8% do ano passado. O Banco de Portugal explica que esta aceleração do consumo, apesar da conjuntura externa mais incerta, verifica-se sobretudo na construção e está influenciada pela execução de alguns projetos de infraestruturas de grande dimensão, em alguns casos associado a financiamento público e europeu.
Olhando para o contributo interno e externo para o crescimento, verifica-se que a principal diferença face a 2018 é a redução do contributo da procura externa. Enquanto no ano passado as exportações líquidas de importações deram uma ajuda de 0,8 pontos percentuais para a subida do PIB, agora essa ajuda passou para metade (0,4 pontos percentuais). Do lado da procura interna, o contributo deverá manter-se praticamente inalterado: espera-se agora uma ajuda de 1,6 pontos percentuais, face a um contributo de 1,7 pontos no ano passado.
Portugal ainda cresce com excedente externo
Apesar do abrandamento acentuado das exportações, Portugal deverá conservar no conjunto do ano o excedente externo conquistado depois da crise económica e financeira. A projeção do Banco de Portugal indica um saldo positivo de 0,5% do PIB, abaixo dos 1,4% registados no ano passado, devido à balança de bens e serviços - esta deverá ser negativa no segundo semestre deste ano.
Já a balança de capital será positiva, tendo Portugal sido recetor líquido de fundos no primeiro semestre deste ano (investimento em dívida pública por não residentes e investimento direto estrangeiro em empresas portuguesas) e devendo manter-se em terreno positivo na segunda metade do ano.
O mercado de trabalho também deverá continuar a melhorar, mas a um ritmo mais lento. O emprego deverá crescer apenas 0,9% (contra os 2,3% conseguidos em 2018) e a taxa de desemprego deverá recuar para 6,4%. As famílias deverão beneficiar ainda de uma evolução muito contida dos preços, com a inflação projetada para 0,4%.
No que diz respeito às contas públicas, o Banco de Portugal diz que o objetivo de um défice de 0,2% do PIB "parece claramente alcançável", tendo em conta que o primeiro semestre, habitualmente pior do que o segundo em matéria de equilíbrio orçamental, registou já um pequeno excedente quando corrigido de efeitos temporários.
Face à projeção de junho, o valor agora apresentado pela instituição liderada por Carlos Costa aparenta uma revisão em alta (no verão, o crescimento previsto para este ano era de 1,7%), mas o banco central argumenta que as projeções não são diretamente comparáveis devido à revisão da base das contas nacionais, feita pelo Instituto Nacional de Estatística, em setembro, que aumentou o nível do PIB.
"Este diferencial de crescimento positivo, que se observa desde 2016, deve ser enquadrado numa perspetiva mais longa. De facto, nos últimos 25 anos o PIB per capita português não se aproximou dos valores médios observados na União Europeia", indica o banco central. A instituição optou mesmo por aprofundar o estudo sobre o crescimento comparado de Portugal com o euro e concluiu que a convergência aconteceu apenas no período entre 1960 e 1995. Depois disso, demonstra o banco, Portugal estagnou e seu PIB per capita continuava em 2018 abaixo dos níveis de 1995.
Mais investimento, menos exportações e consumo
A expectativa do Banco de Portugal é que este ano a economia portuguesa cresça com o investimento a acelerar, mas com as exportações e o consumo a travar.
Tendo em conta a conjuntura internacional, as exportações nacionais deverão desacelerar para 2,3%, abaixo dos 3,8% registados em 2018. Ainda assim, as empresas nacionais deverão continuar a ganhar quota de mercado, "sobretudo nos setores do turismo e de produção automóvel." Sobre o setor automóvel, vale a pena dizer ainda assim que 70% do que Portugal exporta, é primeiro importado pelo país.
O consumo doméstico também deverá travar, prevendo-se um crescimento de 2,3%, abaixo dos 3,1% verificados em 2018. Como consequência, as importações também vão crescer menos avançando 4,6%, menos 1,2 pontos percentuais do que no ano passado.
Já o investimento, pelo contrário, prevê-se que acelere para um aumento de 7,2%, acima dos 5,8% do ano passado. O Banco de Portugal explica que esta aceleração do consumo, apesar da conjuntura externa mais incerta, verifica-se sobretudo na construção e está influenciada pela execução de alguns projetos de infraestruturas de grande dimensão, em alguns casos associado a financiamento público e europeu.
Olhando para o contributo interno e externo para o crescimento, verifica-se que a principal diferença face a 2018 é a redução do contributo da procura externa. Enquanto no ano passado as exportações líquidas de importações deram uma ajuda de 0,8 pontos percentuais para a subida do PIB, agora essa ajuda passou para metade (0,4 pontos percentuais). Do lado da procura interna, o contributo deverá manter-se praticamente inalterado: espera-se agora uma ajuda de 1,6 pontos percentuais, face a um contributo de 1,7 pontos no ano passado.
Portugal ainda cresce com excedente externo
Apesar do abrandamento acentuado das exportações, Portugal deverá conservar no conjunto do ano o excedente externo conquistado depois da crise económica e financeira. A projeção do Banco de Portugal indica um saldo positivo de 0,5% do PIB, abaixo dos 1,4% registados no ano passado, devido à balança de bens e serviços - esta deverá ser negativa no segundo semestre deste ano.
Já a balança de capital será positiva, tendo Portugal sido recetor líquido de fundos no primeiro semestre deste ano (investimento em dívida pública por não residentes e investimento direto estrangeiro em empresas portuguesas) e devendo manter-se em terreno positivo na segunda metade do ano.
O mercado de trabalho também deverá continuar a melhorar, mas a um ritmo mais lento. O emprego deverá crescer apenas 0,9% (contra os 2,3% conseguidos em 2018) e a taxa de desemprego deverá recuar para 6,4%. As famílias deverão beneficiar ainda de uma evolução muito contida dos preços, com a inflação projetada para 0,4%.
No que diz respeito às contas públicas, o Banco de Portugal diz que o objetivo de um défice de 0,2% do PIB "parece claramente alcançável", tendo em conta que o primeiro semestre, habitualmente pior do que o segundo em matéria de equilíbrio orçamental, registou já um pequeno excedente quando corrigido de efeitos temporários.