Notícia
Fim dos contratos de trabalho em papel põe sindicatos e patrões de pé atrás
O Governo quer substituir os contratos de trabalho em papel por modelos electrónicos. CCP pede que seja facultativo. CGTP diz que o que está em causa é a forma escrita e opõe-se por uma questão de prova em tribunal.
Do documento de propostas do Governo consta "a desmaterialização do contrato de trabalho sujeito a forma especial (contrato a termo e contrato de trabalho temporário), mediante o cumprimento do dever de comunicação através da plataforma da Segurança Social, ficando salvaguardadas todas as garantias de prova e de protecção do trabalhador e os deveres de informação legalmente exigíveis."
"Trata-se de substituir modelos em papel por modelos electrónicos", afirmou na altura em resposta ao Negócios fonte oficial do Ministério do Trabalho.
"Simplificação"
Não é consensual
O Governo enquadra a proposta no "esforço de desburocratização e simplificação" administrativa e na redução de custos de contexto, referindo que são celebrados mais de um milhão de novos contratos de trabalho por ano. Mas os parceiros sociais levantam outras questões.
a ser cumprida pelos empresários, penalizando especialmente os de menores dimensões. CCP
Comentários às propostas do Governo
"A proposta formulada não é a desmaterialização destes contratos, que corresponderia apenas à desnecessidade de o contrato ser disponibilizado ao trabalhador em suporte físico (papel) podendo sê-lo apenas em suporte informático, mas sim a sua substituição por mera comunicação da admissão do trabalhador através da plataforma da segurança social", tal como já acontece, refere a CGTP, no documento de apreciação às propostas que divulgou na semana passada.
"Não é aceitável que o contrato de trabalho a termo, e todos os outros contratos de trabalho para os quais a lei exige forma especial, deixe de assumir a forma escrita. Para sua maior protecção, é essencial que o trabalhador disponha nestes casos de uma prova material, designadamente dos fundamentos que justificam a celebração do contrato, que possa inclusivamente ser judicialmente escrutinada", prossegue a central sindical.
A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) mostra-se por princípio favorável à desburocratização. "Receia-se apenas, neste caso, que sob aparência de simplificação se esteja a criar mais uma obrigação a ser cumprida pelos empresários empregadores, penalizando especialmente os de menores dimensões", acrescenta.
Esta é apenas uma das 27 medidas de alteração ao Código do Trabalho. A ideia é limitar a duração dos contratos a termo, criar uma taxa para as empresas que a estes mais recorram e acabar com o banco de horas individual. O debate na concertação social deverá ser feito em breve. O Governo agendou a discussão no Parlamento para o início de Julho.