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Robôs ainda não nos estão a tirar todos os empregos, diz o Banco Mundial

Num relatório que desvaloriza o impacto das novas tecnologias no nível de emprego, o Banco Mundial chama atenção para a importância do investimento em saúde e educação. Portugal surge em 16.º lugar num índice que procura medir até que ponto os países garantem condições para manter os níveis de produtividade nas futuras gerações.

Reuters
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Portugal, Singapura e Espanha são alguns dos países onde o emprego industrial caiu 10% ou mais desde 1991, em parte devido à transição para o setor dos serviços, mas no Vietname ou no Laos a proporção está a aumentar.

São exemplos referidos no último relatório do Banco Mundial, que desvaloriza o impacto da automatização ao concluir que em termos globais ainda há pouca evidência que os humanos estejam a ser substituídos no trabalho por máquinas.

"A ideia de que os robôs podem substituir os trabalhadores gera preocupação. No entanto, exagera-se sobre até que ponto a tecnologia constitui uma ameaça para o emprego", uma lição que a história já terá contado algumas vezes no passado, desde que receios desta natureza surgiram no século XVIII, ilustra o relatório. 

"Os dados sobre empregos na indústria a nível mundial não justificam este nervosismo. Nas economias avançadas eliminaram-se postos de trabalho industriais, mas o aumento do setor industrial na Ásia oriental mais do que compensou essa quebra".

"O medo de que os robôs eliminem empregos não é, até agora, suportado pelas evidências" sublinha a economista chefe do Banco Mundial Pinelopi Goldberg, em entrevista à Bloomberg.

"É verdade que nalgumas economias avançadas e que em alguns países de rendimento médio a automatização está a eliminar postos de trabalho no setor das manufaturas", lê-se no relatório. "Os trabalhadores que realizam tarefas rotineiras codificáveis são os mais vulneráveis a serem substituídos".

Apesar disso, "a tecnologia traz oportunidades de criação de novos empregos, aumento da produtividade e prestação eficaz de serviços públicos", gerando "novos setores e novas tarefas". As crianças que estão na escola primária, dizem os autores, vão trabalhar em empregos que ainda não existem.

Constantando que a era do emprego para vida está em declínio, o Banco Mundial põe a tónica nas competências que serão valorizadas no futuro – uma combinação de 'know-how' tecnológico, capacidade de resolver problemas, pensamento crítico, e "soft-skills" como perseverança, capacidade de trabalho em equipa e empatia.

"Na ‘gig economy’ os trabalhadores terão vários trabalhos ao longo da sua carreira, o que significa que vão ter de aprender ao longo da vida".

Investimento em saúde e educação: Portugal em 16.º lugar

Neste quadro, prosseguem os autores, o investimento nas pessoas – e sobretudo em saúde ou educação – torna-se essencial para prevenir grandes disrupções. O relatório elabora um "índice de capital humano" que mede as consequências da falta de investimento na quebra de produtividade da futura geração.


"A nossa análise sugere que nos países com o mais baixo investimento em capital humano a força do trabalho do futuro só terá de um terço a metade dos níveis de produtividade que teria se as pessoas estivessem de plena saúde e tivessem recebido educação de alta qualidade".

Com uma pontuação de 0,78 (numa escala de 0 a 1), Portugal fica em 16.º lugar numa lista de 157 países.

A lista (disponível na página 62 do relatório) é liderada por Singapura, Coreia do Sul e Japão, tendo vários países europeus nas primeiras posições. O Chade, o Sudão do Sul e a Nigéria estão nos últimos lugares.

Crítico será ainda o investimento em proteção social, um conceito desconhecido para quatro em cada cinco pessoas dos países em desenvolvimento, onde seis em cada dez trabalhadores estão na economia informal.

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