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Portugal sofre de "talento não correspondido" e tensão alta nas qualificações

Um relatório da Hays mostra a incapacidade de formar profissionais para as áreas que estão a criar mais emprego e os efeitos da "crescente lacuna de competências" nos salários praticados nos sectores mais competitivos.

24 de Setembro de 2018 às 15:55
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É cada vez maior o desequilíbrio no mercado português entre as competências que os trabalhadores portugueses oferecem e aquelas que são procuradas pelos empregadores, com este indicador anual a crescer de 9 para 9,4 em 2018, numa escala de dez pontos elaborada pela consultora Hays, em colaboração com a Oxford Economics.

 

A empresa de recrutamento assinala que "há provas de uma crescente lacuna de competências em Portugal, [como demonstra] o aumento das ofertas de emprego que ficaram por preencher no último ano", em conjugação com a elevada taxa de desemprego de longa duração. A economia portuguesa regista mesmo o sexto maior "desencontro de talentos" entre as 33 avaliadas.

 

Num relatório divulgado esta segunda-feira, 24 de Setembro, Portugal surge também como o terceiro país com maior pressão salarial nos sectores ditos altamente qualificados. A classificação de 9,9 é apenas superada pelo valor máximo registado na Suécia e Nova Zelândia, o que vem confirmar a incapacidade das instituições nacionais de ensino para formar profissionais suficientes para alimentar a voracidade de certas indústrias, como a das tecnologias de informação.

 

 

Embora esta dinâmica nos salários seja um fenómeno restrito a determinados negócios e não se estenda à realidade mais global dos portugueses qualificados – aliás, a economia nacional é a pior em termos de crescimento médio anual dos salários reais desde o início do século –, a directora da Hays Portugal, Paula Baptista sustenta que a escassez em determinados perfis "está a tornar-se num desafio a nível nacional". Este é um problema assumido por vários sectores. Só na metalurgia e metalomecânica, a indústria campeã das exportações, faltam 25 mil operadores qualificados, após ter criado 18 mil empregos em 2017.

 

Este problema (…) muito em breve poderá prejudicar o crescimento do país e impedir-nos de aproveitar todas as oportunidades que este contexto económico positivo pode proporcionar-nos. Paula Baptista, directora da Hays Portugal

 

Esta situação está a atrasar investimentos em diferentes sectores e há mesmo projectos e encomendas recusados ou com entrega adiada por não haver capacidade de resposta. Citada numa nota de imprensa, Paula Baptista considera "fundamental que os intervenientes no mercado laboral trabalhem em conjunto para enfrentar este problema que, muito em breve, poderá prejudicar o crescimento do país e [impedi-lo] de aproveitar todas as oportunidades" no actual contexto económico positivo.

 

Neste índice geral ("Hays Global Skills Index") que mede a dificuldade das empresas em aceder a profissionais qualificados – a sétima edição é liderada "ex-aequo" por Luxemburgo e Suécia (6,7) –, a pontuação de Portugal aumentou no último ano de 5,4 para 5,8 pontos, descrevendo assim a maior pressão sobre o mercado de trabalho. Um valor que fica acima da média global (5,4) e que situa o país na 10.ª posição desta lista com 33 nações localizadas em todos os continentes.

Portugal é destaque positivo no "gap" de género

Portugal surge no oitavo lugar na tabela da avaliação do "gap" de género em termos de participação no mercado de trabalho, valor dos ordenados e possibilidade de subir na carreira. Embora esteja ainda distante dos líderes Suécia, Estados Unidos da América e Nova Zelândia – no fundo da lista estão, por ordem ascendente, a Índia, os Emirados Árabes Unidos e o México – a pontuação portuguesa vale um lugar na primeira metade da tabela (a mais favorável em termos de equilíbrio entre homens e mulheres).

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