Notícia
Discriminação salarial das mulheres portuguesas não se atenuou nos últimos 26 anos
Uma análise de economistas do Banco de Portugal concluiu que não há indícios de que a discriminação de género na formação dos salários se tenha atenuado em Portugal nas últimas três décadas.
Retirando o efeito da melhoria das qualificações das mulheres, os números mostram que pouco mudou na desigualdade salarial entre os géneros em Portugal. A conclusão é de uma análise de economistas do Banco de Portugal à evolução do hiato salarial entre mulheres e homens no mercado de trabalho português.
Recuemos a 1991. Há cerca de três décadas, os salários das mulheres portuguesas eram inferiores aos dos homens em 27 pontos percentuais. Desde então, a melhoria gradual das qualificações das mulheres e a sua maior taxa de participação levou à redução dessa diferença.
Avancemos para 2017: nesse ano o hiato era inferior em cerca de 11 pontos percentuais face a 1991, de acordo com os dados publicados esta sexta-feira, 6 de março, no site do Banco de Portugal, em antecipação do Dia Internacional de Mulher celebrado este domingo, 8 de março.
Contudo, esta análise reflete a melhoria das qualificações - que conduziu a um aumento da sua produtividade e, assim, dos salários - e não apenas o fator do género.
Ajustando o indicador, retirando o efeito das qualificações, a diferença salarial manteve-se e até é maior do que em 1991, segundo o gráfico publicado pelos economistas do Banco de Portugal, incluindo o especialista em mercado de trabalho Pedro Portugal.
"Quando o cálculo do hiato salarial é ajustado para as características observadas dos homens e das mulheres, a indicação de aproximação dos salários deixa de se verificar, registando-se, ainda em 2017, um hiato salarial de 19 pontos percentuais", calcula Pedro Portugal, concluindo assim que a discriminação salarial da força de trabalho feminina não se atenuou nos últimos 26 anos.
Estes resultados mostram que "os progressos salariais do contingente feminino da força de trabalho observados ao longo dos 26 anos são devidos, quase exclusivamente, à melhoria das suas qualificações (sobretudo o aumento dos níveis de escolaridade) e não à redução da componente não explicada do diferencial salarial, que é convencionalmente associada à noção de discriminação de género".
Assim, é possível concluir que não houve uma atenuação da discriminação de género na formação dos salários em Portugal.
Esta análise foi preparada por Pedro Portugal com base em dois estudos divulgados em 2016 e que contam também com os economistas Ana Rute Cardoso, Paulo Guimarães e Pedro Raposo. O conteúdo não representa a opinião do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
Recuemos a 1991. Há cerca de três décadas, os salários das mulheres portuguesas eram inferiores aos dos homens em 27 pontos percentuais. Desde então, a melhoria gradual das qualificações das mulheres e a sua maior taxa de participação levou à redução dessa diferença.
Contudo, esta análise reflete a melhoria das qualificações - que conduziu a um aumento da sua produtividade e, assim, dos salários - e não apenas o fator do género.
Ajustando o indicador, retirando o efeito das qualificações, a diferença salarial manteve-se e até é maior do que em 1991, segundo o gráfico publicado pelos economistas do Banco de Portugal, incluindo o especialista em mercado de trabalho Pedro Portugal.
"Quando o cálculo do hiato salarial é ajustado para as características observadas dos homens e das mulheres, a indicação de aproximação dos salários deixa de se verificar, registando-se, ainda em 2017, um hiato salarial de 19 pontos percentuais", calcula Pedro Portugal, concluindo assim que a discriminação salarial da força de trabalho feminina não se atenuou nos últimos 26 anos.
Estes resultados mostram que "os progressos salariais do contingente feminino da força de trabalho observados ao longo dos 26 anos são devidos, quase exclusivamente, à melhoria das suas qualificações (sobretudo o aumento dos níveis de escolaridade) e não à redução da componente não explicada do diferencial salarial, que é convencionalmente associada à noção de discriminação de género".
Assim, é possível concluir que não houve uma atenuação da discriminação de género na formação dos salários em Portugal.
Esta análise foi preparada por Pedro Portugal com base em dois estudos divulgados em 2016 e que contam também com os economistas Ana Rute Cardoso, Paulo Guimarães e Pedro Raposo. O conteúdo não representa a opinião do Banco de Portugal ou do Eurosistema.